Palácio Tiradentes do Governo em Minas Gerais

21/01/2010

Palácio Tiradentes do Governo em Minas Gerais

Um marco histórico para a Construção Civil Brasileira, o Palácio projetado por Niemeyer apresenta o maior vão livre flutuante do mundo em concreto protendido.
Localizado ao sul do terreno de 804 mil m2 do antigo hipódromo Serra Verde, a 18 km do Centro de Belo Horizonte, o Palácio Tiradentes destaca-se por seu grande vão livre, de quase 150 m, considerado o maior do mundo em concreto protendido (protendido: a protensão pode ser definida como o artifício de introduzir, numa estrutura, um estado prévio de tensões, de modo a melhorar sua resistência ou seu comportamento, sob ação de diversas solicitações. Ideal para este caso, pois o concreto é resistente a compressão mas pouco resistente á tração.)

 

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O palácio foi erguido como uma obra convencional. Ao mesmo tempo, iam sendo erguidos os pórticos longitudinais, paralelos ao prédio e interligados no topo por uma cobertura reforçada por 15 vigas transversais de concreto protendido.

Sob o ponto de vista estrutural, é o edifício mais complexo da Cidade Administrativa Tancredo Neves, a nova “casa” do Governo Mineiro e de toda sua estrutura executiva, entre os municípios de Vespasiano, Santa Luzia e Belo Horizonte.

Executado em concreto protendido e aço, o grande bloco estrutural de cinco pavimentos, com 147,50 m de comprimento e 17,20 m de largura, aparece suspenso por tirantes metálicos protendidos, presos à cobertura dos dois grandes pórticos dispostos paralelamente e que constituem os quatro únicos pontos de apoio da estrutura.

Só nesse prédio, são 20 mil m2 de área construída, distribuídos por quatro pavimentos-tipo e um técnico, e subsolo para garagens e instalações, servidos por nove elevadores. De acordo com o engenheiro João Eduardo Dutra, da Gerência de Obras, o grande desafio do projeto era construir, ao mesmo tempo, o prédio e os pórticos (com o mesmo comprimento do prédio, 147,50 m, e mais largos, com 26,60 m de largura).

 

Em concreto protendido, os edifícios sinuosos das Secretarias I e II foram erguidos a Nordeste do terreno, de maneira a acolherem entre eles o prédio de forma circular do centro de convivência.

Ficha da obra Cidade Administrativa Tancredo Neves

Localização: Serra Verde, a 18 km do Centro da capital, nos limites de Belo Horizonte, Vespasiano e Santa Luzia

 Terreno: 804 mil m2 Área construída: 310 mil m2 Circulação: 18 mil funcionários e dez mil visitantes diários

 Investimento: R$ 1,2 bilhão Projeto arquitetônico: Oscar Niemeyer Fiscalização: Gerência de Obras (Codemig)

 Projeto estrutural: José Carlos Sussekind Construtoras consorciadas: Camargo Corrêa, Mendes Júnior e Santa Bárbara

 Engenharia (Lote 1); Norberto Odebrecht, OAS e Queiroz Galvão (Lote 2); Andrade Gutierrez, Via Engenharia e Barbosa Mello (Lote 3)

Em relação ao concreto armado, o concreto protendido apresenta as seguintes vantagens:

 a) Reduz as tensões de tração provocadas pela flexão e pelos esforços cortantes. b) Reduz a incidência de fissuras. c) Reduz as quantidades necessárias de concreto e de aço, devido ao emprego eficiente de materiais de maior resistência.

 d) Permite vencer vãos maiores que o concreto armado convencional; para o mesmo vão, permite reduzir a altura necessária da viga.

 e) Facilita o emprego generalizado de pré-moldagem, uma vez que a protensão elimina a fissuração durante o transporte das peças.

 f) Durante a operação de protensão, o concreto e o aço são submetidos a tensões em geral superiores às que poderão ocorrer na viga sujeita às cargas de serviço. A operação de protensão constituído, neste caso, uma espécie de prova de carga da viga.

 Uma das vantagens mais importantes do concreto protendido é a da alínea d acima. Para ilustrá-la pode-se criar o fato de que as pontes com vigas retas de concreto armado têm seu vão livre limitado a 30m ou 40m, enquanto as pontes com vigas protendidas já atingiram vãos de 250m.  

Localização

Localização

 

 

A execução dos pórticos foi a parte mais trabalhosa da obra, explica João Eduardo Dutra, porque depois de erguidos os quatro pilares metálicos, teve início a concretagem, em cinco planos diferentes, uma vez que a forma dos pilares muda à medida que vai subindo. Começa com 1 m de largura no térreo, depois vai se abrindo, chegando à viga de cobertura com 4 m.

E como o concreto ficaria aparente, qualquer erro resultaria em demolição. “A saída foi fazer um protótipo de madeira, em escala reduzida, para ir montando e ver a execução em escala real”, explica Dutra. “As fôrmas eram mudadas metro a metro.” Toda a estrutura suspensa é protendida, para que fosse reduzida a espessura média do concreto e aliviadas as cargas nos tirantes.

A Cidade Administrativa Tancredo Neves reúne seis edifícios que totalizam uma área construída de 310 mil m2. O conjunto, projetado por Oscar Niemeyer no final da década passada, ocupa o terreno de 804 mil m2 do antigo hipódromo Serra Verde, a 18 km do Centro da capital mineira, nos limites de Belo Horizonte, Vespasiano e Santa Luzia. Deve abrigar 18 mil funcionários e receber dez mil visitantes diários.

Visão Aérea
Visão Aérea

Além do Palácio Tiradentes, do Auditório Juscelino Kubitscheck, de dois gigantescos edifícios para as 18 secretarias de Estado e 33 órgãos da administração direta e indireta, de um centro de convivência e de uma central de água gelada (um prédio de serviços ainda em licitação), a cidade tem completa infraestrutura, com áreas de estacionamento (inclusive no subsolo), galerias subterrâneas de circulação para pedestres, túnel de acesso ao complexo, e vias de circulação e de acesso aos prédios.

O complexo foi programado como um marco no desenvolvimento socioeconômico do Norte e Nordeste da capital mineira e de sua área metropolitana. A ligação com o Centro da cidade pode ser feita pelas vias incluídas na Linha Verde, já duplicadas ou em obras de duplicação, como a rodovia MG-010, o Boulevard Arrudas (composto pelas avenidas Andradas e Contorno), ou pela avenida Cristiano Machado. Para fiscalizar as obras, foi criada a Gerência de Obra, empresa vinculada à Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais), responsável pelo financiamento da construção.

Túnel

 

Junto à fachada leste do palácio foi projetado um parlatório, no nível do primeiro pavimento, ao qual se liga por uma passarela. Uma rampa em curva, com largura variável, liga o piso da praça cívica a essa passarela, com a qual se une estruturalmente. Compõem, assim, uma única estrutura, que se apoia em quatro aparelhos de neoprene fretado, nas extremidades da passarela, e em dois pilares, sendo um curvo, disposto sobre o trecho em curva, e um pequeno, retangular, situado a 11 m da extremidade, no térreo.

Já na fachada oeste, dois volumes se destacam: um trapézio cego externamente, que concentra as circulações verticais (escadas e cinco elevadores que se interligam aos pavimentos do palácio por meio de passarelas), e a torre cilíndrica com 10 m de diâmetro (dois elevadores e escadas, também com passarelas que se ligam ao palácio) e 37 m de altura. No seu topo, a torre sustenta a estrutura circular do heliponto, com diâmetro de 30 m, excêntrica 5 m em relação ao eixo da torre, e com um balanço de cerca de 22 m.

“De baixo para cima – explica o engenheiro Dutra – temos uma laje estrutural e, em cima dela, as 20 vigas raiadas de comprimentos diferentes, acompanhando o desenho da pista.” E prossegue o engenheiro: “Em seguida, seis anéis fazem o coroamento das vigas raiadas, depois uma segunda laje fecha a parte estrutural da caixa do heliponto. Só então vem a terceira laje, que é a plataforma de toque do helicóptero”, detalha Dutra.

Torre com heliponto e passarelas que a conectam ao palácio do Governo.

Torre com heliponto e passarelas que a conectam ao palácio do Governo.

A distribuição das vigas raiadas em 18 graus foi alterada no entorno do eixo, no lado de menor balanço, para a colocação da escada que liga a última parada do elevador ao piso da laje superior. Uma pequena escada de alvenaria estende esse acesso à laje de pouso dos helicópteros. As passarelas que ligam o prédio de circulação e a torre aos pavimentos do palácio têm a função, também, de equilibrar as ações do vento sobre a grande estrutura em balanço.

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revistatechne.com.br

ATENÇÃO:
Esta matéria foi transcrita da REVISTA TÉCHNE.
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Fonte:
revistatechne.com.br

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7 thoughts on “Palácio Tiradentes do Governo em Minas Gerais”

  • http://LISONN

    Saudações!
    Que Post Fantástico!
    Amigo Thomas, é a primeira vez que tenho a oportunidade de saber o que é “concreto protendido”, quanto aos demais dados, não sei nem o que lhe dizer…Para mim isso é um Mundo Encantado, acho que não existe um colosso desses em outra parte do mundo.
    Parabéns pelo magnífico Post!
    Abraços,
    LISON.

  • http://EDVALTER

    A CASA DO MEU PATRÃO TEM QUE SER FILÉ MESMO RSRSRSR. VALEU POELO POST É NOVIDADE PRA MIM.

  • http://Marcos

    Não conhecia esse concreto,mas tenho duas perguntas:Ele é vendido para obras pequenas,como casas?Se for qual o preço do metro cúbico?Fiquei curioso,pois o concreto normal que conheço,dá vazamento nas lajes.inclusive na minha,esse outro é especial,deve ser uma fortuna.Gostei do seu blog aprendi muito,apesar de ser leigo,gosto de construções.Vou segui-lo.

  • Bastante interessante, a nossa arquitetura e engenharia é uma das mais desenvolvidas do mundo ….

  • Olá Marcos.
    Obrigado por seguir o blog e pelo comentário.
    Existem vários tipos de concreto, específicos para cada caso.
    O concreto para lajes deve ser o de secagem mais lenta, podendo usar também um impermeabilizante em conjunto.
    Lembro que a maioria das lajes, são concebidas para receberem um telhado.
    Consulte um técnico para definir melhor e com mais segurança.
    No caso do concreto protendido, é mais indicado para construções de grande porte, que possuem vãos muito compridos, pois sua característica é suportar bem a tração.

    Forte abraço!

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