História ilusionista, constatações e ponderações…

20/05/2014

História ilusionista, constatações e ponderações…

Por Antônio de Oliveira

A história é escrita pelos vencedores. E o vencedor leva tudo. Até a própria história… E o que é a história senão uma fábula com a qual todos concordam? Essa foi a pergunta de Napoleão ao encarregar seu Ministro da Polícia de zelar para que a história da França fosse escrita de acordo com as conveniências de seu trono. Com efeito, as multidões não escrevem autobiografias como ninguém escreve memórias das multidões. Povo é anônimo. Como o soldado desconhecido. História da Educação é história das elites. Na verdade, a história é sempre, ou quase sempre, um relato tendencioso. Paul Valéry admite que a história justifica o que se quer. Há quem diga o mesmo com relação à Bíblia.

Carlos Drummond de Andrade é poeticamente radical. “Toda história é remorso”, diz Drummond em Ouro Preto. O casario agonizante da antiga Vila Rica pode ser entendido como historicamente nostálgico, de nostalgia do apogeu do barroco e de remorso da escravidão. Ou… como daquele rio tristemente chamado Rio das Mortes.

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José Saramago também vai fundo: “No fundo, há que reconhecer que a história não é apenas selectiva, é também discriminatória, só colhe da vida o que lhe interessa como material socialmente tido por histórico e despreza todo o resto, precisamente onde talvez poderia ser encontrada a verdadeira explicação dos factos, das coisas, da puta realidade. Em verdade vos direi, em verdade vos digo que vale mais ser romancista, ficcionista, mentiroso”.

Tal como num “reality show” a história confina a realidade social, leva ao paredão aqueles considerados vilões e cria e consagra heróis e heroínas.
No Brasil, vários filmes e biografias de pessoas vivas são encomendados “inter vivos”. Com o correr do tempo, a situação também pode se inverter: vilões passam a heróis; heróis, a vilões. A história cultua celebridades em meio a lendas e mitos. Mitos e lendas que podem representar mais que a realidade.

Autor: O professor Antônio de Oliveira, cronista fascinante, é Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. Licenciado em Letras e em Estudos Sociais pela Universidade de Itaúna; em Pedagogia e em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del Rei. Estágio Pedagógico na França. Contato: [email protected]

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