O Outro Nome da Primavera

29/09/2016

O Outro Nome da Primavera

Por Antônio de Oliveira

Primavera!…  Primavera em flor. Falar em primavera é falar em água. E vice-versa. Além disso: “O homem sábio se rejubila com a água”, disse Lao-tsé, na China, séculos antes de Cristo. “Água, tu és a vida!” dirá, tanto tempo mais tarde, Saint-Exupéry. Guimarães Rosa reforça: “Perto de muita água, tudo é feliz”. A natureza tem viço. O arvoredo também. Os bosques têm mais vida, “lindos campos têm mais flores”. Com efeito, quando se tem ideia do que seja uma terra seca, castigada pelo ardor do sol, estéril e árida, sem primavera, então se pode considerar a água uma bênção, para a terra e para os viventes. À mulher samaritana, junto ao Poço de Jacó, Jesus fala de uma água, e que ele dará, que se tornará uma fonte que jorra para a vida eterna.

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Fontes, rios, oceanos, riachos. Murmúrio d’água, tão suave aos ouvidos, cantiga do coração; ondas marulhando, linguagens, sons, gorgolejar da chuva no telhado, sinfonia das águas. Maravilhosa sensação de paz. Cascatas e quedas d’água de encher os olhos, de saciar a alma de emoção, de deliciar os ouvidos. Mar bravio, ou um mar azul; um lago dos cisnes, um lendário São Francisco de carrancas a afastarem os maus espíritos. No inverno a natureza quase não tem sons. A não ser das folhas farfalhantes e do vento ciciante.

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“Sim, são belas as palavras do mar: hipocampo, sargaço, calmaria. Oceanus. No entanto, uma lagoa, muda e fechada, compreende as nossas pequeninas desventuras, o efêmero que nos fere. Nenhum poeta seria tonto a tal ponto de escrever ao lago uma epopeia, uma saga. Nele podemos esquecer apenas os nossos naufrágios” n’Um Domingo de Paulo Mendes Campos.

Finalmente, a água participa d’O Cio da Terra: afaga a terra, conhece os desejos da terra, fecunda a terra. Enquanto houver água haverá primavera. Só restando debulhar o trigo, forjar no trigo o milagre do pão, e fartar-se de pão; decepar a cana, roubar da cana a doçura do mel. E se lambuzar de mel…

Autor: O professor Antônio de Oliveira, cronista fascinante, é Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. Licenciado em Letras e em Estudos Sociais pela Universidade de Itaúna; em Pedagogia e em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del Rei. Estágio Pedagógico na França. Contato: [email protected]

Imagens: sxc.hu

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