Cemitério em São Paulo atrai turistas e oferece passeios agendados
Com direito a aplicativo interativo, Cemitério da Consolação está repleto de história e cultura
Em um primeiro momento, planejar uma visita a um cemitério não soa exatamente como um passeio convencional para a maioria das pessoas. No entanto, poucos locais podem contar tão bem as histórias de suas cidades como essas necrópoles, especialmente quando se trata do Cemitério da Consolação, localizado no coração da capital paulista.
Um marco arquitetônico sofisticado que não deixa nada a desejar aos famosos cemitérios parisienses e argentinos, entre outros do mundo todo. O Cemitério da Consolação é considerado um verdadeiro museu a céu aberto e se tornou, além de ponto turístico muito visitado, uma riquíssima fonte de pesquisas acadêmicas importantes para a compreensão e a preservação da memória paulistana.
Mergulho na História Urbana
Apenas o fato de que o Cemitério da Consolação é a necrópole mais antiga ainda em funcionamento na capital do estado de São Paulo já o tornaria um importante marco histórico da cidade.
Inaugurado oficialmente em 1858, o local traz uma importante revolução urbana antes mesmo de abrir seus portões pela primeira vez. Desde 1828, o vereador Joaquim Antonio Alves Alvim defendia a construção de um cemitério público “afastado” do centro de cidade.
Por questões de saúde pública e sanitárias, o servidor queria cessar os sepultamentos nas igrejas, até então comuns à época, pois acreditava-se que manter os corpos próximos aos locais santos ajudaria o ingresso de suas almas ao Paraíso.
Naquele 1858, um surto de varíola levou muitos paulistanos ao óbito. Foi então que , em 7 de julho daquele ano, a Câmara Municipal de São Paulo proibiu os enterros nas igrejas e determinou que os primeiros sepultamentos fossem realizados no Cemitério da Consolação, mesmo antes da conclusão do seu projeto.
Em seus primeiros anos ali foram sepultadas pessoas de todas as classes sociais da sociedade paulistana, incluindo os escravos. Ele foi o único cemitério público da cidade até 1893, quando foi inaugurado o Cemitério do Brás.
Desde então a necrópole já passou por duas grandes ampliações: uma em 1884 e a segunda em 1890 e foi tombado por órgãos de patrimônio histórico em 2005 e 2017.
Joias da Arquitetura Tumular
Com o passar dos anos, o Cemitério da Consolação passou a abrigar os túmulos e mausoléus das famílias mais ilustres da sociedade paulistana e também da brasileira, incluindo alguma personalidades históricas.
Como forma de homenagear e eternizar a memória de seus entes queridos, muitas dessas abastadas famílias passou a contratar os maiores nomes da arquiteturas e escultores da época como Ramos de Azevedo, Victor Brecheret, Galileo Emendabili entre outros grandes nomes.
Um exemplo categórico desse intensa arte tumular é o enorme mausoléu da família Matarazzo: concebido por Luigi Brizzolara, é o maior mausoléu da América Latina e foi construído com impressionantes esculturas de bronze.
Seus sepultados ilustres
Não são poucas as personalidades ilustres da história recente brasileira que jazem no belo Cemitério da Consolação. Entre pessoas públicas, escritores, artistas, intelectuais e ativistas estão Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Monteiro Lobato, Luís Gama, Emílio Ribas, Pérola Byington, Cândido Fontoura.
Entre mármores, arranjos e esculturas de alto padrão artístico, um dos túmulos mais visitados da necrópole é o de Domitila de Castro Canto e Melo, a famosa Marquesa de Santos, a amante do Imperador Dom Pedro I, falecida aos 69 anos em 1867.
Dez anos antes de sua morte, Domitila fez uma generosa doação ao Cemitério da Consolação: uma fortuna de dois mil contos de réis que deveriam ser exclusivamente dedicados à construção de uma capela no local. A construção custeada pela Marquesa pode ser vista já na entrada principal da necrópole.
Um túmulo que recebe diversas homenagens como velas, placas e coroa de flores em São Paulo e é alvo de peregrinação constante é o de Antoninho da Rocha Marmo. O menino, que era muito religioso desde criança, chegando a celebrar missas no quintal de casa, morreu com apenas 12 anos, em 1930. A partir de então, vários milagres passaram a ser atribuídos ao menino, e ao longo das décadas persiste a fé de que Antoninho é santo.
Visitas guiadas e autoguiadas
Para oferecer um mergulho mais profundo e levar ao público a riqueza histórica que repousa dentro dos muros do Cemitério da Consolação, a Prefeitura de São Paulo oferece visitas guiadas ao local.
O Programa Memória e Vida disponibiliza guias e um roteiro especial elaborado para grupos escolares, estudantes de turismo, fotografia e aos demais visitantes interessados em conhecer a fundo suas belezas arquitetônicas e saber mais sobre a história das personalidades ali sepultadas.
As visitas guiadas são gratuitas, mas devem ser previamente agendadas para sua realização de acordo com a disponibilidade dos profissionais. Para informações e orientações de visitas em grupo, os interessados devem entrar em contato com o e-mail assessoriaimprensa@prefeitura.
Outra maneira de conhecer as curiosidades do local é baixando gratuitamente o aplicativo Guia do Cemitério da Consolação. Este app, que é fruto de uma parceria entre o Serviço Funerário de São Paulo e PUC-SP, permite que qualquer visitante faça sua visita autoguiada por meio de roteiros temáticos. O usuário pode escolher, por exemplo, temas como arte tumular, sepulturas mais famosas, artistas, intelectuais e figuras públicas, histórias urbanas, entre outros.
Para quem deseja conhecer esse pequeno universo de arte e histórias imortais, o Cemitério da Consolação está localizado na R. da Consolação, 1660 – Consolação, São Paulo – SP, 01302-001. Seu horário de funcionamento é das 7h00 às 18h00, de segunda à sexta-feira. O telefone para mais informações é o (11) 3256-5919.