Qualificar colaboradores no ensino superior: uma decisão estratégica
Por Laila Martins, CEO do Saber em Rede
O “Mapa do Ensino Superior no Brasil 2024”, divulgado pelo Instituto Semesp, revelou que o índice de evasão na educação superior no Brasil ultrapassa 57%, tanto em redes públicas quanto privadas, como em modalidades presenciais e remotas. Já uma pesquisa produzida pela ABTD (Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento) mostrou que 70% dos treinamentos corporativos foram ineficientes em 2023.
Dois problemas, uma solução: juntar esses dois universos. Investir na qualificação de colaboradores por meio da educação superior é uma ação que pode mudar o rumo das empresas justamente por atender às demandas de todos os envolvidos. Ou seja, vai muito além de um simples benefício; é uma decisão estratégica.
Isso se deve, principalmente, à constante evolução tecnológica que temos visto nos últimos anos. O mercado exige profissionais capazes de se adaptarem a mudanças rápidas, novas ferramentas e modalidades profissionais menos tradicionais.
As Instituições de Ensino Superior (IES) conseguem suprir todas essas necessidades por oferecerem uma formação mais abrangente, que não se limita ao básico e superficial. É uma jornada de aprendizado que, literalmente, prepara as pessoas para acompanhar as transformações do mercado que estão acontecendo neste exato momento – assim como aquelas que com certeza ainda virão.
Vantagens mútuas
Quando os colaboradores de uma empresa se qualificam em uma IES, basicamente todos saem ganhando. Isso acontece porque esse tipo de aprendizagem ajuda o estudante a desenvolver habilidades que serão fundamentais para toda a vida, inclusive facilitando os seus movimentos de carreira.
Estamos falando de competências como pensamento crítico, colaboração, inovação e até liderança. Com elas, os profissionais se capacitam tanto para garantir a eficiência operacional do dia a dia, como gerenciar equipes e tomar decisões cruciais para o negócio.
As áreas mais essenciais do mercado são prova disso. Setores como Administração, Engenharia, Tecnologia da Informação (TI), Economia e Finanças, Recursos Humanos (RH) e Comunicação e Marketing precisam desse leque de habilidades, que flutua entre hard skills e soft skills.
Aliás, do lado das organizações, os efeitos positivos dessa formação incluem um aumento de produtividade e de resultados. E, enquanto esse processo de crescimento vai se desenhando, as companhias ainda conseguem reter talentos dentro de casa, reduzindo o turnover e melhorando a percepção daquele ambiente como um bom lugar para trabalhar.
Facilitar o acesso à educação
As empresas podem impulsionar a qualificação dos seus colaboradores no ensino superior de diversas formas. As mais práticas são por meio de benefícios, especialmente aqueles que atingem os bolsos dos funcionários. São os casos de bolsas de estudo parciais ou integrais, o reembolso de despesas (cursos, materiais didáticos e outros custos relacionados à educação) ou descontos exclusivos estabelecidos em parcerias com IES.
Facilitar o aprendizado na rotina também pode ser uma saída. Uma organização que possui horários de trabalho flexíveis, por exemplo, garante que os trabalhadores conciliem os seus expedientes com as atividades acadêmicas com muito mais tranquilidade.
Aliar a qualificação dos colaboradores por meio de ensino superior ao desenvolvimento interno, com iniciativas de capacitação corporativa, como treinamentos personalizados, palestras e programas de mentoria, eleva ainda mais a performance dos profissionais, deixando-os ainda mais alinhados às necessidades da empresa.
Isso significa que a companhia, ao incorporar essas alternativas e adequá-la às suas metas e realidade, estará comprando um passaporte para o crescimento. Ao levar oportunidades de qualificação para os times, as organizações investem no maior ativo que possuem: o capital humano.
É hora das empresas enxergarem que esse é um movimento capaz de sanar alguns dos gaps mais profundos do mercado de trabalho e do setor educacional, não um simples custo. Aquelas que investirem neste formato de desenvolvimento de talentos estarão demonstrando um compromisso com o seu próprio futuro e com cada pessoa que faz ele acontecer.
*Em 2017, com apenas 24 anos, Laila Martins fundou a edtech Saber em Rede, exercendo o cargo de CEO desde então. E, em apenas cinco anos, levou a empresa do zero ao valuation de 50 milhões de reais. Movida pela inovação no alcance de novos alunos e valorização da comunidade acadêmica, Laila fundou a startup com o propósito de disseminar a educação e possibilitar que pessoas empreendessem neste processo. Ativa no ecossistema de inovação e empreendedorismo, a executiva atua desde 2020 como mentora nos programas de aceleração da Associação Brasileira de Startups, SEBRAE e Inovativa. Em 2023, Laila ainda se juntou a outros empreendedores para fundar uma Venture Builder, a X5 Ventures, para fomentar o ecossistema de inovação e investimento no país.
INDICAÇÃO: João Sales | [email protected]