Cada vez mais conectado, público infantojuvenil desconhece os perigos das redes sociais

21/11/2024

Cada vez mais conectado, público infantojuvenil desconhece os perigos das redes sociais

Pais ou responsáveis têm que estar sempre atentos aos conteúdos que estão sendo acessados por seus filhos

Cometido por meio de canais virtuais, o cyberbullying é um crime que tem, cada vez mais, preocupado pais e educadores. Atraído pelo mundo digital, aplicativos de mensagens ou grupos on-line, o público infantojuvenil está o tempo todo em contato com desafios perigosos, entre eles pedofilia e fake news, e, se agir por impulso, fica mais vulnerável a essas armadilhas.

A psicóloga, autora, pedagoga e palestrante de inclusão e diversidade, Natalie Schonwald, afirma que o período de confinamento causado pela Covid-19 mudou a forma como os adolescentes interagem, e isso pode ser uma explicação para o aumento da importunação. “A internet foi o meio de comunicação mais utilizado durante a pandemia. Com o fácil acesso às tecnologias e, principalmente às redes sociais, as crianças estão mais suscetíveis à influência das informações sem analisar sua veracidade ou as consequências ao repassar essas mensagens, assim, o bullying por meio da internet ganhou um alcance muito maior que no ambiente físico, por isso, lutar contra esse assédio é de fundamental importância e urgente para preservar a integridade das crianças”.

De acordo com o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) / Europa, uma em cada seis crianças em idade escolar sofre cyberbullying e, embora as tendências gerais do bullying escolar tenham permanecido estáveis desde 2018, o cyberbullying aumentou, ampliado pela crescente digitalização das interações dos jovens.

No Brasil, para reforçar que qualquer prática agressiva de intimidações e perseguições no ambiente virtual tenham sérias consequências, foi sancionada em janeiro deste ano a Lei 14.811/2024, que prevê pena de reclusão de quatro anos e multa para os praticantes dos crimes de bullying e cyberbullying. No entanto, Natalie pontua: “A lei é importante, é um passo para o fim do cyberbullying, mas, assim como outros tipos de intimidação e perseguição, depende de uma transformação social para que uma mudança aconteça de fato. Pode ser um processo demorado, mas possível”.

Image by Htc Erl from Pixabay

Preocupações

Muitos homens se passam por adolescentes para realizar a prática da pedofilia e convencem a vítima a ir ao seu encontro. Natalie explica que as crianças, principalmente as meninas, precisam sempre estar orientadas em relação aos riscos que existem por trás das telas para evitar qualquer tipo de constrangimento, e que, caso ocorra, é preciso ir a uma delegacia e denunciar o agressor.  “Os pais ou responsáveis têm que estar sempre atentos aos conteúdos que estão sendo acessados por seus filhos, e um dos motivos relevantes é que estes acessos estão ocorrendo com maior frequência e mais cedo. Normalmente, as meninas confiam mais nos homens, sem pensar muito nas consequências, e supostamente não acreditam que serão traídas pelo agressor, que muitas vezes pede para filmar uma relação, por exemplo, e jura que não passará para frente, mas acaba espalhando esse vídeo, principalmente para as pessoas da escola”.

Consequências

Depressão, isolamento, crises de ansiedade, síndrome do pânico e suicídios são alguns desfechos trágicos das vítimas do cyberbullying apontados por Natalie, e, segundo ela, podem ser evitados. É preciso garantir que o público infantojuvenil tenha sua privacidade respeitada, online e em outros ambientes, mas que os pais e responsáveis estejam sempre atentos.

Natalie Schonwald

Natalie é psicóloga, pedagoga, palestrante de inclusão e diversidade e autora dos livros “Na Cidade da Matemática” e “Na Cidade da Matemática – Bairro das Centenas”.

É pós-graduanda em Psicopedagogia pelo Instituto Singularidades (SP). Na área da educação e alfabetização, trabalha com os anos finais da Educação Infantil e iniciais do Ensino Fundamental I. Nesta área da educação, Natalie completa seu trabalho escrevendo artigos. A profissional também faz parte da direção da Associação dos AVCistas do Brasil – uma organização comunitária de acolhimento às vítimas de AVC e seus familiares. Como atleta, também participou do mundial de adestramento paraequestre em 2003 – pratica esporte desde seus 9 anos e também é embaixadora da equipe feminina de surfe adaptado.
Após um AVC com 8 meses, enfrentou um caminho de superação. Sua história é marcada não apenas pela adversidade, mas pela resiliência e conquistas que a transformou em fonte de inspiração, destacando a importância da inclusão e da diversidade em todas as suas formas.

@pedagoga_nati

INDICAÇÃO: Elenice Cóstola | [email protected]

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