A Arte de Sofismar

04/11/2015

A Arte de Sofismar

Por Antônio de Oliveira

O que é um sofisma? Sofisma é um argumento falso com aparência de verdade. Do tipo assim de parece-mas-não-é. Parece uma coisa, é outra. Inicialmente a palavra sofista não tinha o sentido, que tem hoje, de falso sábio. Aristóteles, enaltecendo os sete sábios da Grécia, chamou-lhes de sofistas.

No Brasil vivemos uma cultura de sofismar. Todo dia, telejornais despejam mazelas existentes pelo País afora. Autoridades federais, estaduais e municipais sempre se justificam: providências estão sendo tomadas, a licitação foi aberta… Enfim, tá na cara, mas não é bem assim. Propagandas mostram uma pseudorrealidade. Criam-se leis privilegiáveis que dão suporte ao aumento da desigualdade social. Mordomias e regalias, cartões corporativos, carros e motoristas para não sei quantas autoridades, diárias elevadas, hotéis de luxo, tudo isso corre solto. Enquanto isso, corre solta a inflação, a corrupção, a violência. Tenho comigo que tamanha onda de violência, que nem onda é mais, pois vem e não volta, se explica pela teoria do “inconsciente coletivo” de Jung. Não há diferença entre o assaltante a mão armada e o assaltante aos cofres públicos a mão desalmada. Se o grande pode, por que que eu não posso? Então, vale tudo, salve-se quem puder. Quanto mais se aumentam os impostos mais se desenvolvem mecanismos de sonegação. Muitos se desesperam e apelam para as drogas. Não adianta discurso humanitário sem uma política de despojamento, em vez de esbanjamento.

Carl-Gustav-Jung-psiquiatria-mundial

Por outro lado, há uma porção enorme de trabalhadores produtivos e honestos, que não apenas trabalham de sol a sol, mas têm de pegar todo dia o precário, precaríssimo transporte coletivo, de madrugada, e chegar tarde a casa, depois de esperar muito tempo na fila. No dia seguinte, a maratona se repete. Enquanto isso, a corrupção endêmica assola o País.

Autoridades e parlamentares: Não dá mais pra segurar, vejam se entendem o nosso grito de alerta: Parem de sofismar!

Autor: O professor Antônio de Oliveira, cronista fascinante, é Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. Licenciado em Letras e em Estudos Sociais pela Universidade de Itaúna; em Pedagogia e em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del Rei. Estágio Pedagógico na França. Contato: [email protected]

Tags:, , , , ,

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *