A artista inglesa que pintou 400 flores da Amazônia e virou enredo de escola de samba

28/09/2018

A artista inglesa que pintou 400 flores da Amazônia e virou enredo de escola de samba

Margaret Mee ajudou os botânicos a estudar a flor da lua, uma espécie que sangra e morre em uma única noite

 Margaret Ursula Mee foi uma artista inglesa que, nos anos 1950, viajou pelos rios da Amazônia e explorou a floresta em uma época em que nenhuma mulher a adentrava. Ela se maravilhou com a riqueza da flora brasileira e, nas três décadas seguintes, fez um total de 15 expedições documentando, com seus pincéis e lápis, a flora e a fauna amazônica.

Sua arte formal era feita em cerâmica e escultura, apesar dos seus desenhos botânicos serem totalmente diferente da arte tridimensional que ela criou. “Ela se rendeu à força e à beleza da forma humana com grande energia”, disse Stella Sylva, curadora-administrativa do William and Lynda Steere Herbarium, no The New York Botanical Garden, nos Estados Unidos, ao portal NYBG.

“Ao contrário, seus desenhos de plantas eram cuidadosamente detalhados, apesar das estruturas botânicas da grande diversidade da flora amazônica. Era como se ela entendesse o coração dos objetos que pintava”, completou.

Mee chegou ao Brasil aos 42 anos, ao lado do seu marido, o também artista Greville Mee, que conheceu na St. Martin’s School of Art, em Londres, anos antes. Em São Paulo, foi contratada pela St. Paul’s, escola britânica da cidade, para ensinar arte. Foi apenas depois da primeira viagem à Amazônia que decidiu se tornar uma artista botânica.

Crédito: divulgação

Uma das flores amazônicas que ela retratou por meio de sua arte foi a misteriosa flor da lua (moonflower) ou Strophocactus wittii, que sangra e morre em uma única noite. Nos anos seguintes à sua descoberta, muitos botânicos passaram a se interessar pelo fenômeno e por outras flores da maior floresta tropical do mundo.

Por causa do clima quente, nem sempre os cultivadores conseguem plantar flores na região amazônica. No começo deste ano, por exemplo, um empresário da capital do estado, Mikio Kubo, afirmou que o serviço de floricultura em Manaus poderia ser afetado pela diminuição da produção em seu sítio, nos arredores da cidade.

Manaus tem uma média de 27ºC de temperatura durante o ano, segundo instituições internacionais. No verão, no entanto, os dias oscilam ao redor dos 35ºC, segundo o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam).

Margaret Mee também desenhou animais e horizontes da floresta durante suas viagens, assim como testemunhou a gradativa destruição da Amazônia durante os anos. Nos últimos anos de vida, na década de 1970, ela passou a usar sua figura pública para aumentar a consciência do mundo para a necessidade de se preservar a mata.

Pela sua luta contra o desmatamento, foi reconhecida como cidadã honorária da cidade do Rio de Janeiro, em 1975, e recebeu a medalha da Ordem do Cruzeiro do Sul, a principal honraria concedida pelo governo brasileiro, em 1979.

Depois das viagens — e já conhecida internacionalmente –, ela voltou para a Inglaterra em 1988 para uma exposição de suas imagens no Royal Botanic Gardens, em Londres, para o lançamento do livro Margaret Mee in Search of Flowers of the Amazon Forest, baseado nos seus diários na floresta. Naquele mesmo ano, ela morreu em um acidente de carro em Leicester.

Seu legado artístico inclui 400 ilustrações em tinta guache, 40 cadernos de imagens pintadas e 15 diários, a maioria arquivada hoje no Kew Gardens, em Londres. Em 1994, ela foi tema do desfile da escola de samba carioca Beija-Flor de Nilópolis, com o enredo “Margareth Mee, a dama das bromélias”.

Grande abraço!
Press Office

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