A revolução da segurança eletrônica em 2025: IA, regulamentação e parcerias público-privadas como pilares de transformação

09/12/2024

A revolução da segurança eletrônica em 2025: IA, regulamentação e parcerias público-privadas como pilares de transformação

Com conquistas importantes neste ano, o Congresso ABESE reuniu autoridades e empresários do segmento para traçar o futuro do mercado

O Congresso ABESE 2024 reuniu autoridades e especialistas para discutir os temas que vão impactar o mercado de segurança eletrônica em 2025. Com ênfase nas parcerias público-privadas, inteligência artificial (AI) e no Estatuto da Segurança Privada, o evento, que aconteceu em São Paulo, na sede do SECOVI-SP, na última quinta-feira (28), enfatizou a importância de, em meio a tantas transformações, buscar informações com respaldo para evitar fake news que circulam sobre o novo marco regulatório do segmento.

Com a presença de Cristiano Campidelli, coordenador-geral de Controle de Serviços e Produtos da Polícia Federal; Selma Migliori, presidente da ABESE; e Lázaro de Sá, assessor jurídico da associação, o Congresso ABESE 2024 desmistificou as principais fake news que circularam sobre o processo de regulamentação da segurança eletrônica, como as notícias que apontavam para o possível fechamento de muitas empresas do segmento.

A presidente da ABESE lembrou que a regulamentação é uma demanda do mercado e que há mais de 16 anos vem sendo estudada e debatida pela associação junto a outros segmentos e ao poder público. “O Estatuto da Segurança Privada trará maior segurança jurídica, padronização e oportunidades para a profissionalização do mercado de segurança eletrônica. Nosso setor sempre foi essencial, mas sua regulamentação específica era uma lacuna que precisava ser preenchida”, afirmou.

Estatuto da Segurança Privada: Desafios e Oportunidades

O Coordenador Geral de Controle de Serviços e Produtos da Polícia Federal destacou a importância do novo Estatuto da Segurança Privada. Segundo ele, desde sua chegada à PF, em fevereiro do ano passado, foi unânime a percepção de que o estatuto seria um avanço para a segurança privada e uma boa notícia para a segurança eletrônica, embora toda novidade cause desconforto. “A mudança incomoda, mas sair da zona de conforto é onde a vida começa”, afirmou Cristiano Campidelli.

“A Polícia Federal é a presença mais incomoda e a ausência mais sentida. Realmente, a segurança eletrônica ficará sujeita à fiscalização da PF, mas isso traz mais segurança jurídica e tende a fazer com que o segmento se profissionalize ainda mais, como eu vi na Exposec. Contudo, é preciso ficar atento, pois já circulam algumas fake news. Busquem informação segura, em caso de dúvida perguntem à ABESE ou à Polícia Federal”, apontou o coordenador.

O servidor reforçou que, no momento, a PF não está multando nenhuma empresa, uma vez que a regulamentação está em construção, e o prazo para o setor se adequar é de certa de três anos da publicação da lei. A autorização concedida pela Polícia Federal terá vigência de 5 anos, e para as empresas que quiserem se adiantar e solicitar a autorização, a ideia é que o sistema esteja pronto no primeiro semestre do ano que vem para atender o segmento assim que o decreto for publicado.

O potencial da Segurança Eletrônica em iniciativas públicas

Com a regulamentação da Segurança Eletrônica, o caminho para a colaboração em iniciativas públicas passa a contar com diversas oportunidades. Durante sua participação no evento, Camila Pisani, Gerente de TI da EMTU desde 2019, destacou a importância da aproximação entre os setores público e privado, sublinhando que a antiga mística de que o setor público é inacessível está ultrapassada. Ela enfatizou que o setor público precisa aprender com o mercado e que essa troca é fundamental para o desenvolvimento de soluções inovadoras.

“Todos os dias a EMTU transporta 1.9 milhão de passageiros. Nossa parte é a gestão do transporte, por isso focamos no planejamento. Quando a gente pensa em algum evento dentro do ônibus com monitoramento, esses dados podem ser enviados para a segurança pública, mas para isso é importante a integração. A mobilidade urbana é um pilar muito importante do ecossistema de Smart Cities, e a gente precisa dos produtos e expertise do setor privado para nos apresentar o que há de mais moderno. Essa simbiose é o que torna o mercado completo”, ressaltou Pisani.

Para o Coronel José Eduardo França, Chefe do 3° Centro de Telemática de Área do Exército, responsável pela TI que apoia as forças armadas em suas ações, é importante apresentar demandas do setor público e iniciativas que podem ser beneficiadas pela tecnologia, como já acontece no Sistema de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron). “O exército é um grande cliente nessa área, dada nossa demanda de tamanho continental. Sempre buscamos evoluir para novas tecnologias, enquanto clientes estamos buscando crescer nesse ambiente”, indicou.

O Presidente Executivo da ABERIMEST, Fábio Galvão, destacou a relevância das tecnologias emergentes para o setor de segurança, especialmente no contexto portuário e logístico. “São 35 portos no Brasil, e esses terminais exigem segurança máxima. O Brasil exige a instalação de diversos aparelhos de segurança, como catracas e scanners. Esses sistemas estão sendo integrados com uma série de ferramentas tecnológicas, como blockchain e IoT. Esse processo continua em andamento, mas já vemos uma amarração de grandes oportunidades na área de sistemas eletrônicos”, destacou.

IA Revolucionando a Segurança Eletrônica

Conforme os dados da ABESE, 54% de todos os produtos fabricados em 2023 possuíam recursos de Inteligência Artificial embarcados. Isso significa uma mudança no cenário tecnológico dos projetos brasileiros daqui para frente. Por isso, no painel “IA Revolucionando a Segurança Eletrônica”, Marcelo Zuffo, presidente do INOVA USP, evidenciou que é preciso investir na integração entre empresas, universidades e o Estado como vetores de inovação, como aconteceu na iniciativa do Observatório da Inovação do Estado, cuja primeira entidade a apoiar foi a ABESE.

Além disso, o professor da USP sugere que, ao invés de importar tecnologia, o país deve se posicionar para exportar soluções: “A questão é como capturamos o valor. No modelo de nuvem, as big techs ficam com a maioria. A tecnologia passa por ciclos de expansão e democratização, e, hoje, a USP já fabrica chips de IA com inteligência artificial integrada às câmeras de segurança. Agora, precisamos avançar e em vez de continuar a importar, começar a exportar. É hora de resolver esse desafio e transformar a situação em uma oportunidade de soberania tecnológica”, ressalta.

Valter Wolf, presidente da ABRIA, destacou os avanços da inteligência artificial (IA), sobretudo os agentes de IA, que utilizam modelos fundacionais como o ChatGPT e o Gemini, realizando tarefas de forma semelhante a um ser humano. Wolf ressaltou que, embora a IA ainda não tenha capacidades tão avançadas, ela está transformando os negócios, principalmente ao aumentar a eficiência, com processos que antes levavam horas sendo realizados em minutos. Ele também afirmou que, embora a IA possa trazer grandes ganhos, o ser humano continuará essencial.

Já Hélio Santana, fundador da HS Prevent, destacou que, antes de aplicar a tecnologia, é fundamental entender a diferença entre inteligência e contrainteligência. “Na segurança, a inteligência refere-se à coleta e análise de dados que ajudam na tomada de decisões, enquanto a contrainteligência se concentra em proteger contra ameaças e ataques. Nesse campo, o trabalho da segurança eletrônica é a contrainteligência, bloquear as ameaças”. Santana acrescentou que, com o uso crescente de tecnologias como deepfakes e simuladores, que podem comprometer a segurança, é urgente unir inteligência humana com inteligência artificial (IA) para vencer a “guerra eletrônica”.

Segurança é a nossa união

Pelo Congresso ABESE 2024, as palavras-chave para o crescimento das empresas de segurança eletrônica são: informações seguras e colaboração. Presente no evento, o Tenente PM Souza, que falou sobre o projeto Muralha Paulista, do governo de São Paulo, ressaltou que o estado se compromete a utilizar a tecnologia para proporcionar mais segurança, destacando como todos os painéis do dia eram aderentes com as questões da segurança pública.

Para o Inspetor Superintendente Luiz Antônio de Camargo Pereira, da Guarda Civil Metropolitana, a segurança e a tecnologia têm que andar juntas: “hoje temos os Smart Sampa, uma ferramenta maravilhosa que permite à população se sentir mais segura. Já obtemos números expressivos de capturas e desaparecidos. Guardas que não podem estar na rua podem agora atuar de dentro de uma sala, fazendo a segurança, se sentindo úteis e parte da segurança pública”.

O evento foi encerrado com uma palestra de Marc Tawil, palestrante internacionalmente reconhecido e referência em negócios, sobre como a colaboração é importante para a segurança de um futuro em constante mudança. Em seguida, os presentes participaram de um coquetel para networking e troca de experiências entre empresários do segmento.

O Congresso ABESE 2024 contou com o patrocínio da Exposec, Fulltime, Getrak, Ifaseg, Moninf, PPA, Dr. Monitora, Scati, Vetti, Brako e MRA.

AUTORIA: Diana Tendy | [email protected]

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