Abuso sexual infantil em São Tomé e Príncipe
Entendemos todos que onde há mais pobreza e falta de cultura haverá mais facilidade para que se cometam aberrações e abusos sexuais infantis e de toda espécie no ceio da população como um todo.
Claro também que este crime acontece em todas as classes sociais, apenas é mais “fácil” nas mais baixas. Tanto de acontecer quanto de divulgar. A elite social esconde suas mazelas a todo custo pois o medo de haver perdas materiais significativas é muitas das vezes, maior do que a moral.
Mas não estamos aqui neste momento para falar dos ricos e sim dos pobres, dos totalmente indefesos e daqueles que realmente não têm muitas opções: ou se entregar para não sofrer mais ou se defender com as próprias unhas, dentes e as vezes, uma faca. Sim porque a sociedade é praticamente cega, surda e muda quando o assunto é este.
Por que será que a maioria se cala diante dos crimes de abusos? Até as próprias vítimas muitas vezes se calam.
Ex-colônia portuguesa, São Tomé e Príncipe abriga em seu conglomerado de ilhas (as principais: São Tomé e Príncipe, daí o nome do país) o nefasto fantasma da impunidade quando o assunto é prostituição e abuso infantil.
Como uma nuvem negra e embaçada sobre o estratégico Golfo de Guiné, em um país onde a poligamia está aos olhos de todos, o crime vai se dissolvendo, se dissipando até que os ânimos se acalmem (pouquíssimos acusados são presos).
Menos os da vítima (seja menino ou menina) que carregará para sempre na alma o trauma sofrido quando ainda uma criança.
Um dos fatores que colaboram também para os altos índices de prostituição infantil é o fato de a libido ser despertada precocemente na maioria das crianças, que muitas vezes assistem as relações sexuais dos pais pelo fato de as casas não terem mais de um cômodo.
São Tomé não era habitado por humanos, seus habitantes foram trazidos por Portugal sendo em sua maioria negros de várias e etnias e regiões africanas além dos expurgos, exilados e não quistos na terra da coroa como as prostitutas, os subversivos e bandidos de toda estirpe.
Conquistou a democracia apenas em 1990 com o MLSTP (Movimento Libertador de São Tomé e Príncipe) instituindo uma Assembleia Nacional eleita pelo povo onde o chefe de estado é o presidente.
E apesar disso não elevou o padrão de vida do povo, não aumentou as oportunidades para os menos validos e nem reduziu a corrupção. Os problemas sociais continuaram e os pequenos furtos frutos da pobreza e escassez generalizada perduram até hoje.
Todos esses dados de certa forma explicam um pouco a situação do país em relação ao abuso sexual e prostituição infantil. Mas não corroborando, repito, que estas mazelas sejam exclusivas de nações ou povos pobres. Longe disto. Os estudos e estatísticas mostram que o abuso infantil está presente em todas as classes, claro que de uma forma diferente.
No relato de um psicólogo brasileiro (publicado em 26/02/2014) que esteve em missão nas ilhas, nota-se claramente o que relatamos aqui:
“Neste texto quero focar em alguns aspectos que me chamaram muita atenção: a condição (des) humana em que os mais vulneráveis ali se encontram.”
“… Em uma conversa despretenciosa com um morador local, ele disse que a média de refeições (refiro-me a comida de significativo valor nutricional – arroz, feijão, farinha, etc) é de 3 a 5 por semana. No restante das vezes eles se alimentam do que a terra dá…”
“… pude conhecer de perto o significado de pobreza como ausência de bens, mais que isso, ausência do mínimo necessário para viver. A subnutrição, as barrigas inchadas de vermes, as roupas rasgadas, os pés descalços, a tristeza no olhar, o sono quase incontrolável das crianças…”
“… Foi numa dessas conversas que descobri que a prática do abuso sexual infantil é algo tão comum em São Tomé, principalmente nesses lugares mais isolados, que a maioria das crianças tem o costume de levar uma faca ou instrumento cortante dentro da própria roupa para se defender. Nas palavras de uma criança de 11 anos (Leila) “os homens que vêm de longe puxam a gente para o mato e temos que correr ou cortar eles”…
“… o abuso sofrido faz aflorar desejos sexuais muito cedo em alguns meninos, que reproduzem a violência em suas irmãs, primas ou vizinhos. Ouvir essas histórias ajudou muito a compreender a degradação humana sofrida por este povo.
Trechos extraídos do artigo “São Tomé e Príncipe – impressões de um psicólogo” de Aender Borba
Para finalizar, espero sinceramente que as palavras aqui descritas sirvam de alguma forma para elucidar e iluminar muitas pessoas no que diz respeito principalmente ao abuso infantil. Crime hediondo praticado nos quatro cantos do planeta e que deixa sequelas, muitas vezes irreparáveis as suas vítimas que traduzem isso em mais violência e abuso com os próximos.
Ou seja, torna-se uma reação em cadeia e provavelmente já estejamos vivendo uma “epidemia” grave que precisa ser estancada de forma rápida e eficiente.
Grande abraço!