EMF: Urgência no tratado global de plásticos leva projeções para Brasília
Congresso e monumentos em Brasília são iluminados com projeções sobre a urgência de um tratado global contra poluição plástica
Na última quarta-feira (30), Brasília foi palco de projeções em três dos principais pontos da cidade: o Congresso Nacional, a Biblioteca Nacional e o Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves. As mensagens projetadas traziam frases contundentes sobre a urgência da ação contra a poluição plástica, destacando dados alarmantes sobre o impacto desse problema nos ecossistemas e na saúde humana.
Em uma das frases, lia-se: “Até 2050 pode haver mais plásticos do que peixes no oceano. O Tratado dos Plásticos é a chance para mudar isto”, um chamado à reflexão sobre o futuro de nossos oceanos e um convite para apoiar o desenvolvimento do Tratado Global contra Poluição Plástica.
A campanha também evidenciava o custo da poluição plástica, estimado em R$ 2,5 trilhões ao ano para a saúde humana e o meio ambiente. Esse valor reflete o peso financeiro e ambiental do plástico que se acumula nos mares, solo e cadeias alimentares, comprometendo desde a fauna até a saúde das populações humanas. Estas projeções convidam a sociedade e os legisladores a pensarem sobre a urgência de ações políticas coordenadas para evitar o colapso ecológico.
Desde novembro de 2022, a ONU está debatendo um Tratado Global juridicamente vinculante para combater a poluição plástica, um marco que pode representar o maior pacto ambiental desde o Acordo de Paris. Nesse contexto, as projeções também incluíam a hashtag #NãoDesperdiceEssaChance, reforçando a importância dos governos utilizarem a próxima sessão de negociações (INC-5) para finalizarem o acordo global.
Análise: Pedro Prata, Oficial de Políticas Públicas na América Latina
As projeções realizadas em Brasília, na noite de quarta-feira (30), são uma forma poderosa de lembrar os governantes sobre a importância e a urgência de firmar um Tratado Global contra a poluição plástica. Ao iluminar monumentos icônicos da capital com mensagens fortes e diretas, é reforçado que este tratado representa uma oportunidade única de fazer história e estabelecer regras globais e juridicamente vinculativas que facilitarão a transição para uma economia circular dos plásticos. É fundamental que, nesta próxima e última rodada de negociações para o Tratado, o INC-5, os países assumam uma postura ambiciosa e colaborativa para chegarem a um consenso que beneficie toda a sociedade.
Estamos a apenas um mês do início da última rodada de negociações para o Tratado Global; este é um momento decisivo. Esta é a melhor chance que temos de criar as condições necessárias para frear a poluição plástica a partir de uma abordagem verdadeiramente efetiva, que contempla o ciclo completo do plástico, desde o design dos produtos até o pós-uso, considerando os impactos ambientais, de saúde pública e econômicos.
Um Só Planeta realiza live “Hora de Frear a Poluição Plástica” com Fundação Ellen MacArthur
No dia 6 de novembro, às 11h, Luísa Santiago, diretora executiva da Fundação Ellen MacArthur na América Latina, estará ao vivo em uma conversa imperdível no Instagram mediado por Vanessa Oliveira, jornalista do Um Só Planeta, e participação de We’e’ena Tikuna, palestrante indígena, influenciadora, empreendedora e ativista. Em pauta, a urgente necessidade de repensarmos o ciclo de vida do plástico, discutindo soluções práticas e ações efetivas para mitigar seus impactos no meio ambiente. Além disso, trarão para a discussão o iminente Tratado contra a poluição plástica e sua urgente necessidade de conclusão na última sessão de negociações, que acontece no final do mês, na Coreia do Sul.
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Em artigo no JOTA, especialistas defendem tratado global baseado na economia circular para enfrentar a poluição plástica
A economia do plástico segue um modelo linear e que é responsável por impactos sociais e ambientais significativos ao redor do mundo. Na última quarta-feira (30), Luisa Santiago, junto a Maurício Voivodic, diretor executivo do WWF Brasil, e Marcelo Souza, especialista em economia circular, publicaram no JOTA o artigo “Eliminar a poluição plástica”.
A análise reforça o impacto econômico da poluição plástica, que gera um custo anual bilionário com danos à saúde pública e ao meio ambiente. A partir desse contexto, Santiago, Voivodic e Souza ressaltam que o Tratado Global de Poluição Plástica, em debate pela ONU, representa uma oportunidade única para definir políticas consistentes e globais para o futuro. Eles enfatizam que a janela de ação é agora e que, sem medidas coordenadas e vinculativas, a crise do plástico continuará a comprometer ecossistemas e comunidades ao redor do mundo
Os autores citam ainda o quão crucial é um acordo que cubra todo o ciclo de vida do plástico, incentivando práticas mais sustentáveis e uma cadeia circular. Além disso, o Brasil, com seu histórico de liderança internacional em discussões sobre mudanças climáticas, é tido como um ator essencial nesse processo e que pode ajudar a impulsionar soluções reais.
AUTORIA: Gabriela Amori