Animal Simbólico

08/10/2015

Animal Simbólico

Por Antônio de Oliveira

À definição “animal racional” prefiro a de animal simbólico. Por vários motivos. Apesar de ser considerado racional, o ser humano muitas vezes se comporta como os animais ferozes. A definição de racional, se entendida com exclusividade, também pode beirar ao racionalismo exacerbado. Finalmente, a dita racionalidade se pauta sobremodo por imagens e símbolos. A própria matemática, considerada ciência exata, na verdade se torna acessível por meio de equações, sinais convencionais, expressões numéricas, letras gregas em matemática (probabilidade) e em estatística, além dos gráficos.

Aonde se quer chegar? O dedo polegar de Nero apontado para baixo tornou-se símbolo de sua insensatez mortífera. A linguagem da persuasão muitas vezes funciona mais do que a do convencimento, motivando a vontade por meio de sentimentos, positivos ou negativos, de raiva ou de compaixão. Além disso, nós outros, não poucas vezes, fazemos o que não queremos e deixamos de fazer o que gostaríamos de fazer ou ter feito. Paradoxo ambulante de uma racionalidade irracional.

Imagens do momento mostram multidões de imigrantes, sobreviventes, muitos deles, de barcos superlotados, tentando sobreviver em terra. Na linguagem mística de Leonardo Boff, Deus é Deus dos fracos que gritam como os hebreus no Egito, como as mães dos inocentes de Belém, mortos por Herodes, como Marta e Maria, amigas de Jesus, que choram porque perderam o irmão Lázaro. Mas a Lázaro foi devolvida a vida, os hebreus conquistaram a terra prometida depois de muita luta. Jesus também morreu na cruz, mas ressuscitou. [transcrição livre]

O corpo do garotinho estendido na praia, o sapatinho novo sem meia, vestido direitinho com o carinho da mãe. Essa imagem, mais que mil apelos, comoveu o mundo: países, instituições, famílias. A foto de Ayllan, como tantas outras fotos, é uma imagem viva, digo, morta, é mais um ícone dos desvarios do dito “animal racional”. Triste símbolo!…

Autor: O professor Antônio de Oliveira, cronista fascinante, é Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. Licenciado em Letras e em Estudos Sociais pela Universidade de Itaúna; em Pedagogia e em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del Rei. Estágio Pedagógico na França. Contato: antonioliveira2011@live.com

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