Arriscar

01/04/2015

Arriscar

Por Antônio de Oliveira

Na vida há situações dilemáticas. Os tais becos, caminhos sem saída. Se ficar o bicho come, se correr o bicho pega. Situação embaraçosa com duas saídas difíceis ou penosas.

Contra a força não há argumento. Quando cala a “razão” fala o canhão. A corda sempre rebenta do lado mais fraco. Na briga do rochedo com o mar, quem leva a pior é o marisco. Um terceiro mais fraco sempre sofre as consequências de um maior desentendimento entre outros dois contendores mais fortes. Melhor, se possível, não estar nessa situação. Também vale lembrar o dito, baseado na realidade: o culpado é o mordomo, ou o caseiro. É bem a fábula O Lobo e o Cordeiro, de La Fontaine, da qual nos interessa aqui a moral da história: a razão do mais forte é sempre a melhor. Outra história, e bíblica, é a de Davi e Golias, quando o aparentemente fraco, porém ágil e certeiro, vence o mais forte. Como às vezes acontece no futebol. Mas essa não é a regra.

Davi-e-Golias-litografia-Osmar-Schindler

Num dilema, sem saber como decidir nem como safar-se, diz-se, com riqueza de analogias: entre a cruz e a água benta, entre a cruz e a caldeirinha, entre a cruz e a espada, entre a espada e a parede, entre o fogo e a frigideira. De um lado, lobos; do outro lado, cães. Em latim: “hac lupi, hac canes”.

Lembrando o latim, o verbo arriscar deve provir também dessa língua mãe,
significando originariamente o soldo ganho por sorte por um soldado. Por outro lado, quem não arrisca não petisca, diz outro provérbio. Em outras palavras, quem arrisca e decide corre o risco de errar; quem não decide já errou.

É tudo, ou quase tudo, uma questão de sabedoria popular. É que o povo, mesmo sendo considerado “apenas um detalhe”, sabe das coisas. É verdade que também se presta a massa de manobras, de engodos, de promessas vãs, de sensacionalismos, de coisas impingidas pela mídia, de modismos consumistas. Nunca será demais o estudo da Sociologia, da Psicossociologia, da Antropologia, da Filosofia, da Política Ficha Limpa.

Autor: O professor Antônio de Oliveira, cronista fascinante, é Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. Licenciado em Letras e em Estudos Sociais pela Universidade de Itaúna; em Pedagogia e em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del Rei. Estágio Pedagógico na França. Contato: [email protected]

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