Árvore de Natal

19/12/2014

Árvore de Natal

Por Antônio de Oliveira

Consta que a primeira árvore de Natal foi montada em Estrasburgo, na França, em 1605. O pinheirinho teria sido introduzido, pelos alemães, também no século XVII. Há quem considere pagã a árvore de Natal, mas a ela Dom Marcos Barbosa dedicou um cântico, uma ode em belo e suave elogio. Que a bendiz, louva, e a recebe e acolhe por uma noite. Numa noite feliz. E à sua sombra se abriga. Na verdade, pagã também é a água. Como pagão é o fogo, pagão é o óleo. No entanto, unge-se com o óleo e se batiza com água. O alimento é cozido no fogo.

Pagão é todo homem que não renasce da água e do espírito. “Amor é cristão, sexo é pagão”, canta Rita Lee. Aliás, tudo é pagão, pendente apenas do olhar e dependente de ser consagrado, sacramentado. De se valorizar a marca do divino encarnado no universo. Irmão vento, irmão Sol, irmã Lua, irmão lobo. Meu irmão rouxinol, meu irmão sabiá-laranjeira. Minha irmã árvore. Santa árvore de Natal, árvore sagrada. Árvore-mulher, mulher-árvore. Binômio fecundo. Sombra e regaço. Senha que dá acesso às músicas natalinas, e à alegria de viver. Em suma, senha porta da esperança. Esperança que faz a chama renascer das cinzas. Para Simone de Beauvoir o mistério da encarnação repete-se em cada mulher: toda criança que nasce é Deus que se faz homem.

No início era a árvore. Árvore da Vida. Árvore do Paraíso. Depois, madeiro da Cruz. Pois da cepa brotara a rama; da rama, a flor, e da flor nasceu Maria, de quem nasceu o Salvador, que veio a se identificar como videira cujos ramos seriam todos os seus seguidores. Linhagem de Davi. Abraão gerou Judá, Judá a Davi, Davi a José, esposo de Maria.

Cada uma, cada um de nós é ramo de uma árvore genealógica. Do mesmo sangue rubro. Sangue azul, fidalguia, nobreza? Será que esse tipo de discriminação até na cor do sangue combina com o espírito natalino, com o recado de despojamento de autênticos natais? Então, para você, um feliz, autêntico e fecundo Natal.

Autor: O professor Antônio de Oliveira, cronista fascinante, é Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. Licenciado em Letras e em Estudos Sociais pela Universidade de Itaúna; em Pedagogia e em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del Rei. Estágio Pedagógico na França. Contato: antonioliveira2011@live.com

Imagem: sxc.hu

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