As redes sociais e a saúde
A volta de algumas doenças graves como o sarampo, poliomielite e febre amarela assombram as autoridades, especialmente diante da recusa de uma considerável parcela da população em vacinar a si e a seus filhos. Para que a população fique de fato protegida contra essas doenças mortais, é necessário que cerca de 95% das pessoas sejam vacinadas.
A internet hoje faz parte da vida da maioria dos brasileiros, especialmente dos mais jovens. Meu filho começou com jogos educativos aos dois anos de idade, que eu acessava para ele, mas passou a navegar sozinho na web desde que aprendeu a ler e escrever, claro que sob meu monitoramento rigoroso. Meu pai, de 86 anos, joga dama e cartas pela internet, participa de redes sociais e ainda lê alguns livros pelo computador, embora prefira o livro impresso. Já minha mãe consulta receitas pela internet e é bastante ativa nas redes sociais.
Mas a internet não é só informação, educação e entretenimento. A desinformação hoje, grassa pela rede e vem aumentando como fogo em palha seca. A parte cruel desse desserviço pode custar a vida de muitas pessoas, especialmente das mais frágeis: crianças e idosos. Tratamentos sem nenhum fundamento científico, opiniões particulares de pessoas ignorantes e de mente estreita são divulgados como se fossem verdades absolutas. Pessoas gananciosas e sem escrúpulos, visando apenas vantagens pessoais ou o lucro advindo do acesso em suas páginas, colaboram para espalhar inverdades pela web. Para essas, o dinheiro é seu valor máximo e absoluto.
Mas como nos proteger desses ratos da internet? E o mais importante: como proteger nossos filhos? Em que ou em quem acreditar?
Muitas perguntas e uma única reposta: desconfie de tudo.
Procure mais informações sobre qualquer coisa que possa ser um diferencial na sua vida ou na de outras pessoas, especialmente se o assunto envolve saúde. Leia jornais conhecidos, confira matérias de jornalistas consagrados pela sua competência e responsabilidade.
Quando se trata de medicina e saúde, confie no seu pediatra, no seu médico. Eles certamente estão mais interessados no seu bem-estar do que qualquer blogueiro ou formador de opinião da web. Não faça tratamentos que não foram prescritos por seu médico de confiança. Afinal, seis anos de graduação e três ou quatro de especialização devem conferir mais credibilidade a ele do que um a leigo que você nunca viu, nem mais gordo nem mais magro. E sua amiga ou amigo que lhe recomendou esse ou aquele tratamento que viram na internet e que juram que é milagroso, também pode estar sendo enganado (a).
A mente humana é mais poderosa do que se pode imaginar. O simples fato de se acreditar que algo ou alguém vai curá-lo, provoca reações em nosso organismo que vai fazê-lo se sentir melhor, mas, não necessariamente vá, realmente, curá-lo. Isso pode retardar um tratamento necessário e prejudicar ainda mais sua saúde e, em casos mais graves, levá-lo à morte.
No caso das vacinas, os postos de saúde pública são os locais mais adequados para você ou seu filho tomarem suas doses, mas, caso prefira uma clínica particular, cuide de verificar se ela é idônea, se as vacinas são acondicionadas adequadamente e se estão dentro do prazo de validade.
Então? Seu cartão de vacinação está em dia? E o do seu filho? Se não, providencie já a atualização deles.
Autora: Médica Cirurgiã Geral Iriam Gomes Starling é também graduada em Belas Artes. Trabalha profissionalmente com ilustração médica desde 1985. O primeiro livro ilustrado foi Obstetrícia, do prof. Mário Correa, 1988. Hoje possui milhares de ilustrações publicadas em livros didáticos e periódicos.