ASPECTOS DUALISTAS
Por Antônio de Oliveira
No papel de vítima:
Ninguém define, sem perplexidade, acidente.
Ninguém define, sem terror, terrorismo.
Ninguém define, sem pânico, assalto.
Ninguém define, sem horror, atentado.
Ninguém define, sem pavor, uma doença grave.
É que o conceito embutido nesses termos não comporta meras abstrações.
Na prática:
Descreve-se, com perplexidade, um acidente.
Narra-se, com terror, um ato de terrorismo
Deplora-se, com a sensação de total impotência, um assalto.
Lamenta-se, com horror, um atentado.
Teme-se o contágio ou o agravamento de uma pandemia.
Com efeito, a par de tanta gente boa e tanta situação agradável, a vida em sociedade midiatiza uma sequência de incidentes e até de acidentes, de uma série de atos de terrorismo, de uma lista de assaltos, a mão armada e a mão disfarçada, de uma teia de atentados, de uma síndrome de violência, competitiva, acirrada, inclusive na disputa pelo primeiro lugar.
Um “troféu” pode dar a medida exata, dura e sempre alerta, do nosso mundo, 24 horas, no ar, do mal que medra todos os dias, nasce e se põe e renasce das cinzas qual fênix obstinada, da mitologia grega, ave fabulosa que era única da sua espécie. Vivia muitos séculos no meio dos desertos da Arábia. Quando sentia avizinhar-se a morte, construía um ninho de plantas aromáticas que os raios do Sol incendiavam e nele se deixava consumir. Da medula de seus ossos nascia um verme, que se transformava em outra fênix. É bem assim…
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Imagem de 大雄 陳 por Pixabay
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