DO CARTEIRO AO WHATSAPP
Por Antônio de Oliveira
Quando o carteiro chegava…
Do Dia do Carteiro, 25 de janeiro, ao dia 30 de janeiro, Dia da Saudade.
Para ficarmos mais próximos de nós, na história dos mensageiros, lembremo-nos, como referência, de “Il Postino”, que narra a amizade “metafórica” entre o poeta Pablo Neruda e o carteiro Mário. Sim, uma amizade metafórica… de deixar saudade! Etimologicamente, anjo significa mensageiro.
Com certeza o WhatsApp, embora extremamente rápido, mais do que isso, instantâneo, traz um gostinho amargo de desencanto a pessoas de mais idade. No Dia do Carteiro, há gente por aí que ainda sente saudade daquelas cartas que vinham, pelo correio, seladas e carimbadas. Por vezes aguardadas com ansiedade e, se demoravam a chegar, o destinatário se punha a fazer conjeturas, inclusive extravagantes, até quando, então, com as mãos trêmulas pudesse abri-las. E começar por identificar a letra do missivista, mãe, pai, amiga, namorado, namorada, até a pressão baixar. Um ritual.
De fato, hoje é tudo tão previsível. E tão sem poesia, que dá pena, dirão os saudosistas. Mas fazer o que, né? A fila anda, como se diz, e todo o mundo tem que ir junto, pois atrás vem gente. O progresso não pede licença. As coisas então não ficam mais nem no espaço. Estão é nas nuvens. E vamo, gente!
A pé, de bicicleta, carro, moto… A poesia está ameaçada? A lua já foi passada para trás. Ó Lua! Ó Lua! Viver no mundo da lua deixou de ser uma inspiração para ser uma aspiração. A nuvem foi apropriada pela Internet para oferecer serviços mais rápidos e seguros. A lua deixou de significar “honeymoon”. Uma certa ingenuidade se presta ao mundo da arte, da imaginação, da literatura. Da criança que não sai de dentro de nós… O mundo está cada vez mais robotizado.
A figura tradicional do carteiro mudou, mas a função não desapareceu. Além de cartas, leva encomendas, compras virtuais. Novos tempos. Parabéns aos “carteiros”…
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Imagem de Alexandre C. Fukugava por Pixabay
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