ENTRE A ALUCINAÇÃO E A REALIDADE
Por Antônio de Oliveira
A vida é um misto de fantasia e realidade.
Realidade do mundo, tema impactante, estudado, revisado por filósofos e cientistas desde que o mundo é mundo… A princípio, nos primórdios, filosofia se identificava com religião, como na antiga Pérsia. O mundo era considerado dualisticamente, em contínua guerra entre um princípio do bem e um princípio do mal.
Isso no plano das ideias. Em psicologia também. Lapsos de memória, alucinação, confusão mental. Esses sintomas se agravam nesses tempos de pandemia Covid-19, quedas, acidentes, AVCs. Dar-se conta de si mesmo, nessas circunstâncias, não é tarefa simples nem fácil. Fernando Pessoa admite que “entre mim e o que sou há a escuridão”. Platão recorre à alegoria da caverna, mundo das sombras. Para Ortega y Gasset, ele era ele e suas circunstâncias. E essas, as circunstâncias, como mudam. Entre o pensamento e a realidade, entre o impulso e a ação, cai a sombra, remata T.S. Eliot. Não é raro alguém ter um surto psicótico.
Contexto de época, ambiente familiar, clima, tipo de cultura, modo de educação formal e influência da educação informal… Para começar, não é fácil nos situarmos. Afinal, que espaço nós ocupamos na história da humanidade? Sem dúvida, cada uma, cada um de nós é um grão de areia na praia grande do grande oceano da vida. Contudo, segundo versos de William Blake, veja-se o mundo num grão de areia, veja-se o céu em um campo florido, sustente-se o infinito na palma da mão, e a eternidade em uma hora de vida. Covid-19 aí está. De repente, podemos ser tomados por ausências, por apagões de memória.
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Imagem de Engin Akyurt por Pixabay
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