Intervenção francesa não vai consertar a bagunça no Mali

18/01/2013

Intervenção francesa não vai consertar a bagunça no Mali

Dividido por etnias de toda espécie e facções religiosas, o Mali, com todo respeito que tenho para com a cultura africana, realmente é uma bagunça.
Agora, aprovar a intervenção belicista da França é outra história.
Claro que ela está embasada em dois aspectos fundamentais os quais o EUA não estavam, por exemplo quando invadiram o Iraque: o pedido oficial de ajuda do próprio governo Mali e a aprovação do conselho de segurança da ONU.
Muitos podem dizer que se o país pediu ajuda e a ONU deu aval, com certeza é a melhor coisa a fazer. Mas, pessoalmente acho que “o buraco é mais embaixo”!

Helicópteros franceses são rebocados para o lado militar do aeroporto de Bamako (AP Foto Delay / Jerome)

Só para recordar, na semana passada rebeldes islâmicos que dominam o norte de Mali, avançaram para capital Bamako com o intuito de dominá-la, então a França atendendo a pedidos de socorro dos governantes, enviou jatos de combate e tropas com o apoio dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e outros aliados da NATO (North Atlantic Treaty Organization conhecida pelos brasileiros como OTAN).
Os rebeldes no norte do Mali são aliados jihadistas (facção violenta do islamismo) militantes da Al-Qaeda controlando um território do tamanho do Afeganistão que poderia (ou talvez já seja) se tornar uma “terra santa” para se treinar terroristas globais.

Uma foto tirada com um celular supostamente mostra insurgentes islâmicos em Gao. (Stringer / AFP / Getty Images)

Agora uma das questões mais delicadas é se os dois grupos rebeldes – Ansar Dine (Defensores da Fé) e Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) – devem ser combatidos até perderem seu território dominado ou simplesmente contidos.
A escolha não é fácil. Talvez a melhor opção por enquanto seja a de contenção, não só por causa do cansaço da guerra e os problemas orçamentais do Ocidente (por enquanto custo de US$ 530 mil dólares por dia) mas também pelo risco da “coisa” contaminar seus vizinhos (nada amistosos) e o barril de pólvora que é a África explodir de vez.
Importante salientar que seja qual for a estratégia escolhida, deve-se levar em conta o fato de existirem muitos mulçumanos moderados (que devem ser respeitados em todo mundo) que condenam veementemente o ponto de vista radical e retorcido do Islã.

Presidente do Mali Dioncounda Traore visita as tropas no lado militar do aeroporto de Bamako. (AP Foto Delay / Jerome)

Entrar numa guerra é mais fácil do que sair!
Curiosamente, os mesmos que se opuseram a todas as intervenção dos EUA para expulsar militantes islâmicos em outros lugares inclusive no Afeganistão e Somália, em pesquisa feita pelo Instituto Francês de Opinião Pública mostrou que a maioria dos cidadãos franceses (até a comunidade maliana na França o apoia) estão a favor de seu presidente o socialista François Hollande que vê como uma grande ameaça a insurgência islâmica na ex-colônia francesa, dizendo que o interesse da França no conflito está limitado ao serviço da paz.
Balela, por que a França (não só a França) está de olho no urânio da Nigéria, e talvez o maior receio seja de que o domínio islâmico comprometa o comércio (normalmente unilateral) com o dito país.

Fotógrafo da imprensa estrangeira dispara fotos de um homem segurando bandeira francesa em uma rua de Bamako. (FRED DUFOUR / AFP / Getty Images)

Segundo Phillippe Hugon, pesquisador do Instituto Francês de Relações Internacionais e Estratégicos, um “efeito dominó” poderia por tudo a perder, fazendo Mali se tornar um Estado-Taliban o que teria repercussões evidentes e não muito boas para com os estados vizinhos.
Como outras nações ofereceram ajuda com logística, transporte aéreo e inteligência, Hollande vai aumentar o número de soldados de 800 para 2.500, dizendo que manterá suas tropas só até as forças aliadas africanas chegarem.
É, parece que o medo não é só francês não!
“Apimentando a relação” Abou Dardar, um dos líderes rebeldes disse à agência de notícias francesa AFP: “A França tem atacado o Islã. Nós vamos atacar o coração da França”, declaração esta que provocou o reforço da segurança nos espaços públicos franceses.

A insurgência ganhou força em 2007 e foi agravada por um influxo de armas da Guerra Civil na Líbia. Nacionalistas tuaregues, ao lado de grupos islâmicos com ligações à Al-Qaeda, assumiram o controle do norte em 2012 após um golpe militar por soldados frustrados com os esforços do governo contra os rebeldes.

Eu não acredito em soluções belicistas a não ser em último caso (como para deter Hitler, por exemplo).
O problema é que a África é tão complexa e complicada (grande parte devido à detonação ocidental) que fica difícil tomar algum partido ou opinar de forma coerente.
Fato é que, se não forem contidos os rebeldes poderão fazer mais um país refém das atrocidades do regime talibã (que eu abomino convictamente) se o dominarem. Por outro lado a intervenção de um ocidental pode despertar mais ainda a ira e angariar mais adeptos para a famigerada AlQaeda incendiando conflitos generalizados na região e ou aumentando o terrorismo em geral.
Então, “Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”!
E você o que acha?
Grande abraço!

Fontes e imagens:
pt.wikipedia.org
timesofisrael.com
www.bbc.co.uk
huffingtonpost.com

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