Intervenção francesa não vai consertar a bagunça no Mali
Dividido por etnias de toda espécie e facções religiosas, o Mali, com todo respeito que tenho para com a cultura africana, realmente é uma bagunça.
Agora, aprovar a intervenção belicista da França é outra história.
Claro que ela está embasada em dois aspectos fundamentais os quais o EUA não estavam, por exemplo quando invadiram o Iraque: o pedido oficial de ajuda do próprio governo Mali e a aprovação do conselho de segurança da ONU.
Muitos podem dizer que se o país pediu ajuda e a ONU deu aval, com certeza é a melhor coisa a fazer. Mas, pessoalmente acho que “o buraco é mais embaixo”!
Só para recordar, na semana passada rebeldes islâmicos que dominam o norte de Mali, avançaram para capital Bamako com o intuito de dominá-la, então a França atendendo a pedidos de socorro dos governantes, enviou jatos de combate e tropas com o apoio dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e outros aliados da NATO (North Atlantic Treaty Organization conhecida pelos brasileiros como OTAN).
Os rebeldes no norte do Mali são aliados jihadistas (facção violenta do islamismo) militantes da Al-Qaeda controlando um território do tamanho do Afeganistão que poderia (ou talvez já seja) se tornar uma “terra santa” para se treinar terroristas globais.
Agora uma das questões mais delicadas é se os dois grupos rebeldes – Ansar Dine (Defensores da Fé) e Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) – devem ser combatidos até perderem seu território dominado ou simplesmente contidos.
A escolha não é fácil. Talvez a melhor opção por enquanto seja a de contenção, não só por causa do cansaço da guerra e os problemas orçamentais do Ocidente (por enquanto custo de US$ 530 mil dólares por dia) mas também pelo risco da “coisa” contaminar seus vizinhos (nada amistosos) e o barril de pólvora que é a África explodir de vez.
Importante salientar que seja qual for a estratégia escolhida, deve-se levar em conta o fato de existirem muitos mulçumanos moderados (que devem ser respeitados em todo mundo) que condenam veementemente o ponto de vista radical e retorcido do Islã.
Entrar numa guerra é mais fácil do que sair!
Curiosamente, os mesmos que se opuseram a todas as intervenção dos EUA para expulsar militantes islâmicos em outros lugares inclusive no Afeganistão e Somália, em pesquisa feita pelo Instituto Francês de Opinião Pública mostrou que a maioria dos cidadãos franceses (até a comunidade maliana na França o apoia) estão a favor de seu presidente o socialista François Hollande que vê como uma grande ameaça a insurgência islâmica na ex-colônia francesa, dizendo que o interesse da França no conflito está limitado ao serviço da paz.
Balela, por que a França (não só a França) está de olho no urânio da Nigéria, e talvez o maior receio seja de que o domínio islâmico comprometa o comércio (normalmente unilateral) com o dito país.
Segundo Phillippe Hugon, pesquisador do Instituto Francês de Relações Internacionais e Estratégicos, um “efeito dominó” poderia por tudo a perder, fazendo Mali se tornar um Estado-Taliban o que teria repercussões evidentes e não muito boas para com os estados vizinhos.
Como outras nações ofereceram ajuda com logística, transporte aéreo e inteligência, Hollande vai aumentar o número de soldados de 800 para 2.500, dizendo que manterá suas tropas só até as forças aliadas africanas chegarem.
É, parece que o medo não é só francês não!
“Apimentando a relação” Abou Dardar, um dos líderes rebeldes disse à agência de notícias francesa AFP: “A França tem atacado o Islã. Nós vamos atacar o coração da França”, declaração esta que provocou o reforço da segurança nos espaços públicos franceses.
Eu não acredito em soluções belicistas a não ser em último caso (como para deter Hitler, por exemplo).
O problema é que a África é tão complexa e complicada (grande parte devido à detonação ocidental) que fica difícil tomar algum partido ou opinar de forma coerente.
Fato é que, se não forem contidos os rebeldes poderão fazer mais um país refém das atrocidades do regime talibã (que eu abomino convictamente) se o dominarem. Por outro lado a intervenção de um ocidental pode despertar mais ainda a ira e angariar mais adeptos para a famigerada AlQaeda incendiando conflitos generalizados na região e ou aumentando o terrorismo em geral.
Então, “Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”!
E você o que acha?
Grande abraço!
Fontes e imagens:
pt.wikipedia.org
timesofisrael.com
www.bbc.co.uk
huffingtonpost.com