“M” DE MÃE NA EPIDERME DA ALMA
Por Antônio de Oliveira
Uma tatuagem consiste na introjeção, sob a epiderme, de substâncias corantes a fim de apresentar, na pele, nomes, desenhos, pinturas. Na nossa mão, de nascença, gravado está um “M” de Maria, M de Mãe. Conclui Martins Fortes: “Quer dizer – Mãe! este M tão perfeito. / E, com certeza, em minha mão foi feito / Para, quando eu for bom, pensar em ti.” Mais que, sob a epiderme, em histologia, porção superficial da pele, o nome de nossa mãe introduzido está sob a epiderme da alma. “Alma, ‘deixa eu’ tocar sua alma com a superfície da palma da minha mão”.
Mãe é como um bolo de aniversário, como o bolo no Dia das Mães. Partido e repartido em fatias, que dá para todos os convidados. E ainda sobra. Um coração dilacerado nesse sentido, pois se deixando fatiar para dar de comer aos filhos. Coração de mãe não se engana e é espaço onde sempre cabe mais um. Todos os filhos. Ou como casa de mãe: onde come um, comem dois, três…
Tudo depende do foco. Bolo em geral tem a forma de um círculo. Círculo familiar. Forma de mesa redonda. Não tem cabeceira de honra. Mãe é a própria honra. Coração radiante e irradiante. Coração de um ser inteiro. Novamente, a imagem do bolo. Distributivo, pronto para ser fatiado. Distribuído, presença e presente.
Coração de mãe é acolhedor. Apto a consolar, pronto para perdoar e acolher. Mãe, que é mãe além do biológico, não se queixa: “Não posso suportar isso”. Ela sabe que, quando não suportamos uma situação, o jeito seria fazer o mundo parar e dele desembarcar. Mas isso é impossível. O mundo não para.
Um jovem enumerava a um sacerdote estrangeiro, dentre os próprios pecados, – Xinguei minha mãe. Resposta: – Xingar a mãe não é pecado. – Mas como não? Perplexo, perguntou o mal-educado penitente. E veio a sutileza: – Xingar a mãe é falta de educação!
Amar é libertação e doação. Ser penhora e não senhora. Na convergência e na divergência. Nas horas alegres e nas horas tristes…
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