Norte-americanos invadem o Brasil: o caminho de volta
O caminho de volta!
Quem não se lembra ou teve um amigo ou vários que foram tentar a sorte nos Estados Unidos nos anos 70,80 e 90?
Fosse tentando o visto legalmente através do consulado no Rio fosse pelos “coiotes” ilegais do México que chegaram a cobrar até 10 mil doláres, uma boa parcela da população tinha este sonho ou pelo menos cogitava a hipótese de um dia, quem sabe, ser o próximo!?!?
A história agora é outra!
Norte-americanos estão invadindo o Brasil em busca de bons empregos e novas oportunidades que já não encontram em abundância em seu país.
Para se ter uma idéia, vieram tantos estrageiros tentar negócios aqui que um escritório para alugar em um bom lugar no Rio de Janeiro está mais caro do que um semelhante em Nova York ou em qualquer cidade das Américas!
E não sou eu que estou dizendo não!
Leiam abaixo o que o New York Times, jornal entre os mais respeitados e conceituados veículos de informação do planeta publicou sobre o Brasil.
Estrangeiros seguem o dinheiro crescendo até o Brasil, terra do Martini $35.
Por Simon Romero
Publicado em 12 de Agosto de 2011.
Tradução e adaptação: Tomé Ferreira
RIO DE JANEIRO – Ponderando as tempestades financeiras amarradas na Europa e nos Estados Unidos, Seth Zalkin, um banqueiro americano vestido casualmente, bebendo seu drinque, parecia contente com sua decisão de se mudar para cá em março com sua esposa e filho.
“Se o resto do mundo está em formação de crateras, este é um bom lugar para estar“, disse Zalkin, 39 anos.
A economia americana pode estar se arrastando, mas o Brasil cresceu a uma taxa mais alta em mais de duas décadas, no ano passado e o desemprego está em nível historicamente baixo.
Em rivalidade com Wall Street, tantos banqueiros estrangeiros, gestores de fundos, executivos do petróleo, advogados e engenheiros se mudaram para cá, que os preços de escritórios superou os de Nova York neste ano, tornando o Rio de Janeiro a cidade mais cara nas Américas para locação de acordo com a empresa imobiliária Cushman & Wakefield.
A “corrida do ouro” está em pleno andamento, com autorização de trabalho estrangeiro crescendo cerca de 144 por cento nos últimos cinco anos e os americanos liderando o grupo de profissionais qualificados a entrar no país.
As famílias enfrentam longas listas de espera para alugarem apartamentos que podem custar até dez mil dólares por mês em áreas cobiçadas do Rio, sendo que muitos dos que chegam são altamente qualificados e com experiências mundiais.
Uma vez aqui, eles encontram um país que enfrenta um desafio muito diferente do que os Estados Unidos e Europa: aqui os temores são de que a economia fique demasiadamente aquecida.
Um choque especial para recém-chegados é a força da moeda do Brasil, o real fazendo com que brasileiros abocanhem apartamentos em lugares como South Beach, em Miami, por cerca de um terço do que custa seus equivalentes nos bairros nobres do Rio de Janeiro.
O Brasil é hoje um dos maiores compradores de títulos do Tesouro dos Estados Unidos, tornando-se uma das partes mais interessadas na economia americana em crise, rompendo totalmente com o passado, quando Washington ajudou a forjar pacotes de resgate para a crise financeira do Brasil.
A situação hoje é bem diferente do que a do “milagre” econômico no início de 1970, quando o The Wall Street Journal previu: “Em 10 anos, o Brasil será uma das cinco grandes potências do mundo.” Em vez disso, o país acabou com níveis assustadores da dívida externa.
O boom das commodities e do crescimento recente do consumo interno, o resultado de uma classe média em expansão, ajudou a transformar o Brasil em uma potência em ascensão que se recuperou com folga em 2008 da crise financeira global.
A economia cresceu 7,5 por cento no ano passado e deverá registrar cerca de 4 por cento de crescimento este ano. Mais lento, mas ainda invejável aos Estados Unidos.
No entanto, o Brasil oferece muitos desafios aos recém-chegados. Segundo eles a legislação trabalhista favorece a contratação de brasileiros sobre os estrangeiros, e o moroso processo de obtenção de um visto de trabalho pode surpreender àqueles não acostumados com a burocracia gigantesca do Brasil.
Alguns economistas consideram o real a moeda mais sobrevalorizada do mundo em relação ao dólar. As taxas de juros seguem altíssimas e analistas debatem se uma bolha de crédito está se formando em função da onda de alto consumo nos últimos anos.
O Brasil é quase imune à turbulência nos mercados globais, e sua moeda enfraqueceu pouco este mês.
“Nossos salários aqui no Brasil são pelo menos 50 por cento maiores do que os salários nos EUA para posições estratégicas“, disse Jacques Sarfatti, gerente da Russell Reynolds, empresa que recruta executivos de negócios.
As descobertas de petróleo em águas profundas também têm atraído investidores e estrangeiros, incluindo milhares de filipinos que trabalham em navios e plataformas de petróleo offshore.
Para suas indústrias, o Brasil precisa de um número estimado de 60.000 novos engenheiros, alguns dos quais deverão vir do exterior.
“Eu mudei de Pequim há um ano e encontrei potencial para meu desenvolvimento profissional. Incrível!“, disse Cynthia Yuanxiu Zhang, 27, uma gerente chinesa de uma empresa de tecnologia. “Eu já estou planejando estender o meu tempo no Brasil em torno de 10anos!”
Fontes:
nytimes.com
Myrna Domit, contribuiu com esta reportagem de São Paulo, Brasil.
Imagens:
sxc.hu