“O TODO SEM A PARTE NÃO É TODO”
Por Antônio de Oliveira
Importa ver as partes e o todo: visão holística.
O soteropolitano Gregório de Matos, que viveu no século XVII, legou-nos, dentre outros pitorescos jogos de palavras, estes versos holísticos e emblemáticos:
“O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo o todo”.
Vivemos, não raramente, de inversões, fruto, por sua vez, de fragmentações. O “brother” com que muitos se cumprimentam parece às vezes mais cordial que o “brother” consanguíneo.
Já ouvi, em relação ao pai ou à mãe, a expressão: “Já está (estão) fazendo hora extra…”, de olho na herança. Sei que é difícil cuidar de idosos, principalmente portadores de Alzheimer. Em certos casos, compreenda-se, mesmo sendo difícil a decisão, uma clínica especializada ou uma cuidadora ou cuidador resolve. Nesse ponto, considero-me um privilegiado. A cabeça funcionando normalmente e a família a me paparicar. Dessa forma, o tempo ainda me é prestante e produtivo.
Em Parenti Serpenti (1992), filme italiano, um casal de idosos convida filhos e netos para um congraçamento de Natal, em Sulmona, Abruzzo. Depois de um dia passado na igreja, piedosamente, ou jogando bingo ora jogando conversa fora, ora discutindo mesmo, todos são convidados à mesa, para a ceia. Lá pelas tantas, a matriarca da família Colapietro pede a palavra para comunicar às duas filhas e aos dois filhos que decidam com qual deles o casal, ela e o marido, já velhos, irá morar. Pra quê! O filme então termina de maneira intencionalmente macabra… sem Dia da Família nem ano novo.
Embora comercialmente fraco, o Dia da Família, em 8 de dezembro, é aglutinante, não solúvel, não fragmentário, pois é valorização do time inteiro, lembrando que “o todo sem a parte não é todo”.
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Imagem de DANIEL DIAZ por Pixabay
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