OUVIR O POVO
Por Antônio de Oliveira
Saber ouvir é um bom hábito…
Morei alguns anos em Divinópolis, MG, 120km a oeste de Belo Horizonte. Há cerca de seis décadas! Naquele tempo, a antiga rodoviária funcionava na praça da estação ferroviária. Não existia o anel rodoviário. O bairro Bom Pastor era de difícil acesso, principalmente no tempo das chuvas. Ao lado, o nome acertado, na época, de bairro Córrego do Barro.
Uma manhã fui procurado por um rapaz, cujo nome não tive o cuidado de anotar, pois a ilação eu somente vim a fazer anos depois quando já não morava em Divinópolis. Apresentou-me, então, um projeto para fazer evoluir a cidade. Situação geográfica privilegiada, entroncamento natural de várias encruzilhadas. Naquele tempo, por aquelas paragens, poucas rodovias pavimentadas, muito menos se vislumbrava um anel rodoviário. O centro da cidade era passagem obrigatória para o motorista que fosse além.
Apresentou-me um esboço, inédito, para urbanização da área vulnerável às chuvas, com loteamentos previstos, localização da nova rodoviária, e uma linha indicando previsão do futuro anel rodoviário. Pedi-lhe que passasse a limpo o projeto, para eu encaminhar às autoridades, mas ele não voltou. Só sei que o projeto dele, sem detalhamentos técnicos, correspondia à proposta que veio a ser aprovada e executada.
De outra feita, eu mesmo apresentei um projeto para a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, em Itaúna, que, por sinal, sofreu um desmoronamento, em decorrência das fortes chuvas, neste mês de janeiro de 2022. A primeira autoridade a ouvir a sugestão não deu atenção nem passou a ideia adiante.
Boas ideias partem às vezes de onde menos se espera. A catedral de Brasília e a catedral da Arquidiocese de Belo Horizonte, bem como a Igrejinha da Pampulha tiveram seus projetos assinados por um arquiteto tido como comunista.
Uma das minhas frases emblemáticas é esta, em francês:
“Je prends le bien où je le trouve”.
Eu sigo o bem venha de onde vier.
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