Por que Ernest Hemingway amava tanto o mar?

08/08/2019

Por que Ernest Hemingway amava tanto o mar?

Aprendiz de pesca na infância, um dos escritores mais famosos do século XX encontrou em Cuba a união perfeita entre a literatura e o oceano

Apesar de ter nascido nos Estados Unidos, o escritor estadunidense Ernest Hemingway encontrou seu lugar em Havana, na pequena — e já belicosa — ilha de Cuba. A primeira visita aconteceu em 1928, quando o então jornalista terminou seu segundo romance, Adeus às Armas. A visita, no entanto, durou pouco tempo: como o destino final era a Flórida, nos EUA, ele ficou apenas alguns dias em Cayo Hueso, um dos principais destinos turísticos cubanos hoje em dia, e que na época era um porto.

Ainda assim, foi uma paixão à primeira vista, como relatam seus biógrafos: anos depois, quando voltou, foi para ficar para sempre.

Ernest Hemingway foi um dos sete filhos de uma cantora de ópera, Grace Hall, e um médico, Clarence Hemingway, que não quis seguir as carreiras prometidas por ambos desde cedo. Em 1917, ainda adolescente, começou a escrever para o jornal Kansas City Star, cujos artigos, repletos de detalhes, chamaram tanto a atenção que ele foi escolhido para ser correspondente na Europa durante a Primeira Guerra Mundial — então o cargo mais prestigiado da vida de um repórter.

Dali em diante, morou na França, na Espanha e voltou ao Canadá para ver o nascimento dos seus filhos. Em cada um dos países que passou deixou um mar de reportagens, anotações e alguns grandes livros, como O Jardim do Éden, escrito na Riviera Francesa em 1946, e o próprio Paris é uma Festa, que só foi publicado após sua morte, em 1964.

Crédito: divulgação

Foi em Cuba, no entanto, que ele escolheu viver com sua terceira esposa, a reconhecida repórter de guerra Martha Gellhorn. Assim que chegaram, alugaram um sítio razoavelmente distante do centro de Havana para continuarem escrevendo: foi ali, no lugar batizado de Finca Vigía, que Hemingway escreveu Por quem dobram as campainhas, um romance sobre a Guerra Civil Espanhola e que lhe rendeu uma nomeação ao prêmio Pulitzer de 1941.

Além da Finca Vigía, Hemingway logo batizou seu bote de pesca que ficava sob proteção dos pescadores de Cojimar, um povoado de pescadores nas cercanias de Havana. A “Pilar” foi a única testemunha da obra mais conhecida do escritor: O Velho e o Mar, que conta a história de Santiago (um personagem cubano) e que se manteve por 26 semanas no topo da lista dos mais vendidos do jornal New York Times e que lhe rendeu, enfim, o Pulitzer de 1953. Um ano depois, muito por causa do breve livro sobre o mar, ele ganhou o Nobel de Literatura.

Apesar das irregularidades dos voos diretos (há passagens aéreas entre São Paulo e Havana), muitos turistas brasileiros que visitam a ilha se interessam pelo roteiro turístico na Finca Vigía e na cidade de Cojimar.

Hemingway, considerado um dos principais romancistas e contistas do século XX, aprendeu a pescar quando era criança, e aprimorou a técnica durante o período em que viveu em Cuba, onde passou metade da carreira de escritor. Por várias vezes ele afirmou que não existia nenhum lugar no mundo melhor do que a ilha caribenha para pescar. Em O Velho e o Mar, o velho pescador Santiago fica 80 dias sem conseguir um único peixe e, diante de uma crise pessoal, decide abandonar suas crenças para se aventurar numa parte do oceano em que nunca havia navegado.

O Velho e o Mar é uma fábula em que Hemingway expõe a sua percepção do triunfo e da derrota. Ele mostra um diálogo interno em que muitas coisas são postas à prova: a religião, os valores e a confiança em si mesmo. Expõe em Santiago um reflexo de si mesmo, uma luta necessária que coloca à prova, também, o próprio leitor”, escreveu a crítica literária mexicana Samantta Escobar.

Grande abraço!

Press Office

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