Psicanalista avalia desabafo de Anitta sobre irritação no avião
Cantora descreve explosão emocional após gritos de crianças e culpa TPM
Em recente desabafo de Anitta sobre uma experiência em um voo, a cantora revelou como a presença de crianças no ambiente potencializou sua irritação, especialmente em um período de tensão pré-menstrual (TPM). O relato gerou debates nas redes sociais e destaca questões emocionais que muitas pessoas vivenciam.
A psicanalista Ana Lisboa avalia que a reação da artista reflete um conflito comum entre expectativas sociais e as emoções humanas. “O adulto, muitas vezes, não consegue lidar com comportamentos infantis que são absolutamente normais, como gritos, choros e brincadeiras. A irritação surge, em grande parte, porque esse comportamento quebra a ideia de controle e ordem que esperamos em espaços compartilhados, como um avião”, explica. Lisboa aponta que isso é ainda mais perceptível quando o adulto está sob pressão ou em momentos de vulnerabilidade emocional.
Lisboa ainda amplia a análise ao abordar a conexão emocional entre o adulto e as expressões infantis. “Dentro da visão da psicanálise, quando a gente não consegue suportar o choro ou grito de uma criança, muitas vezes é porque existe algo dentro de nós que se conecta com essas emoções. Talvez Anitta já tenha demonstrado isso em outros momentos pelo perfil emocional dela, de se esforçar para lidar com tudo sozinha. Quando uma criança chora ou grita perto de alguém que teve uma infância onde precisou suprimir as próprias emoções sem apoio, isso pode funcionar como um gatilho emocional, levando essa pessoa a esperar que a criança também dê conta sozinha, assim como ela teve que fazer na infância.”
No caso de Anitta, a artista atribuiu parte do descontrole emocional à TPM, descrevendo como os hormônios intensificam o sentimento de raiva e a falta de paciência. Ana Lisboa esclarece que essa percepção não é apenas cultural, mas está respaldada por estudos sobre a saúde mental feminina. “A TPM pode, sim, exacerbar emoções. O aumento da irritabilidade, da raiva e até da intolerância em situações cotidianas é algo que muitas mulheres relatam nesse período. Isso ocorre devido às alterações hormonais que afetam a regulação emocional. Não é uma justificativa para atitudes extremas, mas ajuda a compreender o que pode potencializar reações exageradas”, afirma.
A psicanalista também reflete sobre o comentário de Anitta a respeito do impacto hormonal nos homens, destacando que a compreensão sobre a TPM ainda é insuficiente na sociedade. “Se homens passassem por mudanças hormonais similares, talvez o debate sobre isso fosse mais avançado. O discurso de Anitta toca em uma questão importante: a necessidade de validar o impacto das variações hormonais na vida das mulheres e de criar um espaço para que essas questões sejam discutidas sem julgamento ou estigmas”, defende Lisboa.
Embora o desabafo de Anitta tenha sido marcado pelo humor, ele reflete um sentimento compartilhado por muitas pessoas. Crianças, com sua energia e espontaneidade, podem ser desafiadoras em espaços restritos, como um avião. Quando combinado a fatores como estresse e TPM, a situação se torna um campo fértil para reações intensas. Ana Lisboa finaliza com um conselho: “Reconhecer os limites emocionais e buscar estratégias para lidar com eles, como técnicas de respiração ou até mesmo o diálogo interno, é essencial. Tanto para lidar com crianças quanto com os próprios sentimentos”, finaliza a psicanalista.
Ana Lisboa @analisboa
Psicanalista, professora, empresária, advogada, palestrante e fundadora do maior movimento de saúde mental feminina do mundo. Ana possui formações em Psicologia Positiva, Neurociências e Terapia de Casais. Graduada também em Direito, especialista em Direitos das Mulheres, e mestre em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Autónoma de Lisboa. Fundadora e CEO do Grupo Altis, startup inovadora voltada para negócios sistêmicos e universidade reconhecida pelo MEC e especializada em saúde mental feminina, Ana é especialista em terapias sistêmicas e lidera a comunidade Feminino Moderno com mais de 63 mil alunas em 42 países.
AUTORIA: Gabrielle Monice | gabrielle@maximasp.com.br