Ser Feliz

22/07/2015

Ser Feliz

Por Antônio de Oliveira

Ser rico, ter dinheiro. Não se diz ser feliz, ter felicidade. Será por quê? Uma senhora britânica, personagem do romance Os Catadores de Conchas, se considera uma mulher feliz morando em um jardim, com livros, crianças, pássaros e flores, além de dispor de tempo para desfrutar de tudo isso. E se sente mais abençoada do que todos os seus semelhantes por ser capaz de encontrar a felicidade tão facilmente. E quem encontra a felicidade tão facilmente também em geral irradia felicidade.

Talvez um bom princípio seja este: nada volta a parecer tão ruim a partir do momento em que aceitamos o ocorrido como inexorável, inevitável, mesmo porque aconteceu. Isso faz parte do processo de vida de cada pessoa. Trata-se de fatos, sem necessidade de dizer, pleonasticamente, fatos reais. E, se contra fatos não há argumento, vale dizer também que contra fato não vale negar nem maquiar, atitude comum entre as autoridades brasileiras. Para todo problema social mostrado ao vivo pela televisão existe uma explicação, uma pseudo justificativa por parte dos (ir)responsáveis. Tá na cara, mas não é bem assim… pois ninguém assume. E tudo continua como antes… Fica por isso mesmo.

Há quem, por egoísmo, viva insatisfeito com a própria sorte, invejando os outros e achando que o outro lhe deve uma vida melhor, a qualquer custo. Assim, o solitário não costuma ser solidário. A felicidade não se alcança no singular. A satisfação humana se realiza em comunidades, numa escola e numa escala de vida plural. Às vezes vale inverter o dito atribuído aos mineiros: dar um boi para não entrar em briga e uma boiada para não sair. Quem sabe, dar um boi para não entrar em briga e uma boiada para sair? Há também outro princípio, antigo, segundo o qual faz sentido abrir mão, por exemplo, do cigarro, do álcool, numa espécie de aritmética do prazer, em busca de um bem-estar maior. Mas o mais importante mesmo é “andar com fé eu vou que a fé não me deixa faiá”.

Autor: O professor Antônio de Oliveira, cronista fascinante, é Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. Licenciado em Letras e em Estudos Sociais pela Universidade de Itaúna; em Pedagogia e em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del Rei. Estágio Pedagógico na França. Contato: antonioliveira2011@live.com

Imagem: sxc.hu

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