Um Ícone de Fogo

17/08/2016

Um Ícone de Fogo

Por Antônio de Oliveira

Empédocles de Agrigento, na Sicília, por volta do século V a.C., criou a teoria dos quatro elementos, raízes primitivas de todos os seres, água, ar, terra e fogo, explicação aceita por quase 2000 anos.

Panelas fervendo no fogo dão vida a uma cozinha. Sobretudo se for num fogão a lenha. Verdade é que muitas pessoas por esse mundo afora não cozinham porque não têm o que cozinhar. Por isso, tanta gente passa fome. Do estudo da Geografia, infelizmente, há de constar este item: “Geografia da Fome”, título de livro de Josué de Castro. E, a cada dia, mais gente ‘panha’ fome no mundo.

Acenda-se o fogo numa churrasqueira ou num fogão. Após um leve atiçamento atiçam-se as chamas, surge logo algo brilhante, quase etéreo, o fogo. Faíscas tremeluzindo, cintilando. Quanta coisa acontece em torno de uma fogueira! Aquecimento no frio, roda dançante em torno da fogueira, homenagem a São João…  Aliás, a palavra fogo é empregada frequentemente em linguagem bíblica, desde a figura do anjo aparecendo, para Moisés, do meio de uma sarça ardente, no topo do monte, ao expressivo simbolismo da ação do Espírito, acompanhado do conselho paulino “Não lhe apagueis o fulgor!” Melhor nem falar nos horrores de uma queimada, de uma queimadura, de uma queima de livros e de ‘hereges’, em nome de Deus ou por motivos ideológicos.

Consta que a alcunha Caramuru foi concedida a Diogo Álvares por ter ele afugentado indígenas que o queriam devorar, matando uma ave com um tiro de arma de fogo. Caramuru significa homem de fogo, filho do trovão. Caramuru é também o título de um poema de Frei Santa Rita Durão, bem como de um filme nacional, de Guel Arraes: Caramuru – A invenção do Brasil.

Lembrando Camões, “amor é um fogo que arde sem se ver”. Vela que pode bruxulear noite adentro apenas coando a luz, mas que não se apaga. Uma lamparina de azeite que arde à cabeceira, velando nossa fé pálida, semiadormecida. Uma tocha olímpica. Um ícone de fogo.

Autor: O professor Antônio de Oliveira, cronista fascinante, é Mestre em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, na Itália. Licenciado em Letras e em Estudos Sociais pela Universidade de Itaúna; em Pedagogia e em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del Rei. Estágio Pedagógico na França. Contato: antonioliveira2011@live.com

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